Coordenação motora grossa em crianças e adolescentes em tratamento oncológico

Abstract

O câncer infantojuvenil representa uma das principais causas de mortalidade precoce e impacta não apenas a saúde física, mas também o desenvolvimento motor das crianças e adolescentes em tratamento. Dentre os efeitos adversos observados, destaca-se a diminuição da coordenação motora grossa, capacidade fundamental para a mobilidade, autonomia funcional e qualidade de vida. Este estudo teve como objetivo avaliar a coordenação motora grossa de crianças e adolescentes em tratamento oncológico ambulatorial, comparando seus resultados aos padrões normativos estabelecidos pelo teste KTK (Körperkoordinationstest für Kinder). Trata-se de um estudo transversal, exploratório e quantitativo, realizado com 26 participantes entre 5 e 15 anos de idade, atendidos no Hospital Infantil Joana de Gusmão (Florianópolis-SC). Foram coletadas informações sociodemográficas e clínicas, e aplicada a bateria KTK para avaliação da coordenação motora grossa. Os participantes apresentaram déficits significativos na coordenação motora grossa, com a maioria dos escores classificados abaixo da média normativa para a faixa etária. Observou-se influência significativa de fatores como idade, tipo de câncer e índice de massa corporal (IMC) sobre o desempenho motor. Crianças mais novas e com sobrepeso apresentaram maiores dificuldades de execução dos movimentos amplos avaliados. Os resultados reforçam a importância de estratégias de intervenção motora precoce, adaptadas às necessidades dessa população, visando minimizar os impactos do tratamento sobre a funcionalidade motora e promover a qualidade de vida. O estudo contribui para a ampliação do conhecimento sobre as limitações motoras em crianças e adolescentes oncológicos, evidenciando a necessidade de programas de reabilitação física específicos.

Abstract: Childhood cancer is one of the leading causes of early mortality and affects not only physical health but also motor development in children and adolescents undergoing treatment. Among the observed adverse effects, decreased gross motor coordination stands out as a fundamental capacity for mobility, functional autonomy, and quality of life. This study aimed to assess the gross motor coordination of children and adolescents undergoing outpatient oncology treatment, comparing their results with the normative standards established by the KTK (Körperkoordinationstest für Kinder) test. This was a cross-sectional, exploratory, and quantitative study conducted with 26 participants aged 5 to 15 years, treated at the Joana de Gusmão Children's Hospital (Florianópolis, Brazil). Sociodemographic and clinical data were collected, and the KTK battery was applied to assess gross motor coordination. The participants showed significant deficits in gross motor coordination, with most scores falling below the normative average for their age group. A significant influence of factors such as age, cancer type, and body mass index (BMI) on motor performance was observed. Younger and overweight children demonstrated greater difficulty in performing the gross motor movements assessed. The results reinforce the importance of early motor intervention strategies tailored to this population's needs, aiming to minimize the treatment's impact on motor functionality and promote quality of life. The study contributes to expanding knowledge on motor limitations in pediatric oncology patients and highlights the need for specific physical rehabilitation programs.