Abordagens terapêuticas não cirúrgicas para incontinência urinária e disfunção erétil pós-prostatectomia radical: uma revisão integrativa da literatura

Abstract

A prostatectomia radical (PR) é o tratamento padrão para o câncer de próstata (CaP) localizado, porém frequentemente resulta em complicações tardias como incontinência urinária (IU) e disfunção erétil (DE). O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura cujo objetivo foi analisar criticamente as opções terapêuticas não cirúrgicas para o manejo dessas complicações. A busca foi realizada nas bases de dados PubMed e SciELO, incluindo ensaios clínicos randomizados publicados a partir de 2020. Foram selecionados 10 estudos que avaliaram diferentes intervenções, como treinamento muscular do assoalho pélvico, biofeedback, eletroestimulação, acupuntura e terapia cognitivo-comportamental para IU, e terapia de ondas de choque extracorpóreas de baixa intensidade (LI-LiESWT) para DE. Os resultados indicaram que o treinamento muscular do assoalho pélvico supervisionado é amplamente recomendado para o tratamento da IU, sendo potencialmente mais eficaz quando associado a outras terapias. Todavia, a heterogeneidade metodológica dos estudos e a ausência de acompanhamento a longo prazo dificultam a definição da melhor abordagem terapêutica. Com relação à DE, apenas um estudo foi identificado, sugerindo que a LI-LiESWT pode acelerar a recuperação inicial da função erétil, mas seu impacto não se manteve significativo após seis meses. Conclui-se que, embora existam opções terapêuticas promissoras para IU e DE pós-PR, há lacunas na literatura que limitam a elaboração de diretrizes definitivas para a prática clínica. Futuros estudos devem focar na padronização dos critérios de avaliação, no prolongamento do tempo de seguimento e na ampliação das investigações sobre terapias não cirúrgicas para a DE.

Radical prostatectomy (RP) is the standard treatment for localized prostate cancer (PCa); however, it frequently leads to long-term complications such as urinary incontinence (UI) and erectile dysfunction (ED). This study is an integrative literature review aimed at critically analyzing non-surgical therapeutic options for managing these complications. A systematic search was conducted in the PubMed and SciELO databases, including randomized clinical trials published since 2020. A total of 10 studies were selected, evaluating different interventions such as pelvic floor muscle training (PFMT), biofeedback, electrostimulation, acupuncture, and cognitivebehavioral therapy for UI, and low-intensity extracorporeal shockwave therapy (LILiESWT) for ED. The findings suggest that supervised PFMT is widely recommended for UI treatment and may be more effective when combined with other therapies. However, methodological heterogeneity and the lack of long-term follow-up in the studies hinder the identification of the most effective therapeutic approach. Regarding ED, only one study was found, suggesting that LI-LiESWT may accelerate early erectile function recovery, but its effects were not significant after six months. In conclusion, although promising non-surgical therapies exist for UI and ED post-RP, gaps in the literature limit the development of definitive clinical guidelines. Future studies should focus on standardizing evaluation criteria, extending follow-up periods, and expanding research on non-surgical ED therapies.