Infecções invasivas e disseminadas por Saprochaete capitata: revisão narrativa da literatura

Abstract

Este estudo reuniu relatos de infecções invasivas e disseminadas por Saprochaete capitata / Magnusiomyces capitatus, uma micose oportunista rara que pode atingir sangue, pulmões, cavidades serosas, pele e, ocasionalmente, o sistema nervoso central. Realizou-se uma revisão narrativa de 25 relatos de casos publicados na última década para caracterizar métodos diagnósticos, abordagens terapêuticas e desfechos clínicos. A maioria dos pacientes apresentava hemopatias malignas ou aplásicas em aplasia pós-quimioterapia ou pós-transplante, os demais tinham imunossupressão não hematológica ou barreiras anatômicas comprometidas por cirurgia ou pneumopatia crônica. O diagnóstico baseou-se predominantemente no isolamento em cultura, com identificação acelerada por MALDI-TOF e, quando necessário, sequenciação da região ITS (Internal Transcribed Spacer). O tratamento combinou, quase sempre, anfotericina B lipossomal e voriconazol, reservando equinocandinas apenas para uso empírico inicial. Apesar destas medidas, a infecção manteve letalidade elevada e, entre os sobreviventes, persiste a necessidade de terapia antifúngica prolongada ou o risco de sequelas orgânicas, sublinhando a importância do reconhecimento precoce e de estratégias terapêuticas integradas.

This study assembled reports of invasive and disseminated infections caused by Saprochaete capitata / Magnusiomyces capitatus, a rare opportunistic mycosis that can involve the bloodstream, lungs, serous cavities, skin and, occasionally, the central nervous system. A narrative review of 25 case reports published over the past decade was carried out to characterise diagnostic methods, therapeutic approaches and clinical outcomes. Most patients had malignant or aplastic haematological disorders in post-chemotherapy or post-transplant aplasia; the others showed non-haematological immunosuppression or anatomical barriers compromised by surgery or chronic lung disease. Diagnosis relied predominantly on culture isolation, with faster identification by MALDI-TOF and, when necessary, sequencing of the ITS (Internal Transcribed Spacer) region. Treatment almost invariably combined liposomal amphotericin B and voriconazole, reserving echinocandins solely for initial empirical use. Despite these measures, the infection maintained high lethality, and among survivors there remains a need for prolonged antifungal therapy or a risk of organ sequelae, underscoring the importance of early recognition and integrated therapeutic strategies.