Análise da relação entre o uso de anticoncepcionais hormonais e o desenvolvimento muscular em mulheres: uma revisão integrativa.

Abstract

Introdução: Apesar da alta prevalência do uso de anticoncepcionais orais (ACOs) entre mulheres fisicamente ativas, seus efeitos no desenvolvimento muscular permanecem controversos, especialmente quanto ao impacto real das alterações metabólicas e hormonais induzidas. Nesse sentido, entender seus efeitos no desenvolvimento muscular torna-se crucial para orientar tanto a prática clínica quanto o treinamento esportivo. Objetivo: O presente estudo propõe-se a analisar a relação entre ACOs e o desenvolvimento muscular de mulheres em treinamento, a partir da análise do desempenho muscular (força, hipertrofia e potência) e alterações bioquímicas (biomarcadores sexuais, de crescimento muscular, e de estresse e inflamação). Métodos: Para isso, foi realizada uma revisão integrativa da literatura internacional e nacional (2019-2024) nas bases de dados Sciencedirect, PubMed, Scielo e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). Dos 168 estudos identificados, 12 atenderam aos critérios de inclusão e exclusão pré definidos. Resultados: A análise apresentou alterações significativas de biomarcadores importantes para o desenvolvimento muscular, como aumento da SHBG (Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais), cortisol basal e PCR basal (Proteína C Reativa), além de diminuição da testosterona e moderada redução do IGF-1 (Fator de Crescimento Semelhante à Insulina tipo 1), no entanto essas alterações não refletiram em alterações significativas de força, potência e hipertrofia muscular na maioria dos estudos. Conclusão: Concluiu-se que as alterações hormonais não representam um fator limitante definitivo para adaptações ao treinamento resistido, permitindo conciliar o uso de ACOs com resultados satisfatórios no desenvolvimento muscular. No entanto, a decisão quanto ao uso deve ser individualizada, visto que limitações como tempo curto de intervenção, heterogeneidade das progestinas e amostras pequenas podem ter mascarado efeitos sutis.

Introduction: Despite the high prevalence of oral contraceptive (OC) use among physically active women, their effects on muscle development remain controversial, particularly regarding the actual impact of induced metabolic and hormonal changes. Therefore, understanding their effects on muscle development becomes crucial for guiding both clinical practice and sports training. Objective: This study aims to analyze the relationship between OCs and muscle development in trained women by assessing muscular performance (strength, hypertrophy, and power) and biochemical changes (sexual, muscle growth, and stress/inflammation biomarkers). Methods: An integrative literature review of international and national studies (2019–2024) was conducted using the ScienceDirect, PubMed, SciELO, and BVS (Virtual Health Library) databases. Out of 168 identified studies, 12 met the predefined inclusion and exclusion criteria. Results: The analysis revealed significant alterations in key muscle development biomarkers, including increased SHBG (Sex Hormone-Binding Globulin), basal cortisol, and basal CRP (C-Reactive Protein), as well as decreased testosterone and a moderate reduction in IGF-1 (Insulin-like Growth Factor 1). However, these changes did not translate into significant effects on muscle strength, power, or hypertrophy in most studies. Conclusion: Hormonal alterations were not found to be a definitive limiting factor for resistance training adaptations, allowing OC use to coexist with satisfactory muscle development outcomes. Nevertheless, the decision to use OCs should be individualized, as limitations such as short intervention periods, progestin heterogeneity, and small sample sizes may have masked subtle effects.