Desigualdade Salarial por Gênero no Brasil: uma comparação do Setor Público e Privado no ano de 2024

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo mensurar e analisar os diferenciais salariais entre homens e mulheres no mercado de trabalho brasileiro em 2024, com foco comparativo entre os setores público e privado. Parte-se do seguinte problema de pesquisa: a desigualdade salarial de gênero no Brasil, em 2024, é maior no setor público ou no setor privado? Para responder a essa questão, realiza-se uma revisão da literatura empírica e aplica-se a decomposição de Oaxaca-Blinder, com o intuito de distinguir os efeitos de composição, relacionados às características observáveis dos trabalhadores e de estrutura, associados às diferenças nos retornos atribuídos a essas características, comumente interpretadas como discriminação. Utiliza-se como variável dependente o logaritmo natural do rendimento médio mensal do trabalho principal. O gênero é adotado como variável de comparação, enquanto anos de estudo, idade, cor, horas trabalhadas, tempo no emprego, residência em região metropolitana e capital, além da atuação em áreas como educação, saúde humana, serviços sociais e ocupações elementares, são consideradas variáveis de controle. A análise empírica baseia-se nos dados da PNADC de 2024, processados por meio do pacote PNADcIBGE no software RStudio e o modelo estatístico é implementado com o pacote survey. Os resultados revelam que, embora o setor público apresente a maior diferença salarial média entre homens e mulheres, esse setor registra o menor grau de discriminação, ou seja, uma parcela maior da disparidade pode ser explicada por características observáveis. Já no setor privado, a maior parte do diferencial salarial decorre do componente estrutural, indicando uma discriminação mais acentuada. Conclui-se, portanto, que a desigualdade salarial de gênero, em termos de discriminação, é mais elevada no setor privado, ainda que a diferença média de rendimentos seja maior no setor público.

This study aims to measure and analyze the wage differentials between men and women in the Brazilian labor market in 2024, with a comparative focus on the public and private sectors. It is guided by the following research question: Is gender wage inequality in Brazil, in 2024, greater in the public or in the private sector? To address this question, a review of the empirical literature is conducted, and the Oaxaca-Blinder decomposition method is applied to distinguish between composition effects, related to observable worker characteristics, and structure effects, associated with differences in returns to these characteristics—commonly interpreted as discrimination. The natural logarithm of the average monthly earnings from the main job is used as the dependent variable. Gender is adopted as the key comparison variable, while years of schooling, age, race, hours worked, tenure, residence in a metropolitan area or capital city, and employment in sectors such as education, human health, social services, and elementary occupations are included as control variables. The empirical analysis is based on data from the 2024 edition of the Continuous National Household Sample Survey (PNADC), processed using the PNADcIBGE package in RStudio, with the statistical model implemented via the survey package. The results show that, although the public sector presents the highest average wage gap between men and women, it also exhibits the lowest degree of discrimination—meaning a larger share of the disparity can be explained by observable characteristics. In contrast, in the private sector, most of the wage differential arises from the structural component, indicating more pronounced discrimination. It is therefore concluded that gender wage inequality, in terms of discrimination, is greater in the private sector, even though the average earnings gap is wider in the public sector.