Cocriação humano-IA: o uso prático da IA generativa na rotina de gestores

Abstract

Esta pesquisa propôs-se a compreender como gestores e administradores experienciam e estruturam processos de cocriação com ferramentas de inteligência artificial generativa conversacional em suas rotinas profissionais. Adotou-se uma abordagem qualitativa exploratória, fundamentada na Grounded Theory Estruturada, por meio da qual foram realizadas treze entrevistas semiestruturadas com gestores. De forma inovadora, a análise de dados incorporou a inteligência artificial generativa como recurso metodológico auxiliar, em um processo reflexivo de coprodução. O fenômeno central identificado é a Cocriação Humano-IA, manifestado pela interação e pelo uso prático da IA. Os resultados revelam que gestores empregam a IA para otimização de tarefas, aprendizado contínuo, aprimoramento da comunicação e suporte a decisões estratégicas. As estratégias de cocriação incluem a construção detalhada de prompts, a gestão de insumos informacionais, o refinamento iterativo das interações e a criação de artefatos personalizados para reutilização. Entre os facilitadores, destaca-se o "feeling" profissional – uma síntese de repertório, experiência e senso crítico –, fundamental para a validação das respostas da IA e para lidar com limitações técnicas, como alucinações e a dificuldade de compreensão semântica profunda. Os impactos observados abrangem ganhos de produtividade e eficiência, redirecionamento de atividades para o nível estratégico e transformações nas percepções da IA, que evolui de mera ferramenta para parceira cognitiva. Constatam-se, ainda, mudanças nas dinâmicas interpessoais e na identidade profissional dos gestores, com a ampliação de sua capacidade de impacto organizacional. O estudo conclui que a cocriação humano-IA emerge como uma competência estratégica híbrida, enfatizando que o julgamento crítico e a sensibilidade humana permanecem insubstituíveis, mesmo em um cenário de crescente mediação tecnológica.

This research aimed to understand how managers and administrators experience and structure co-creation processes with conversational generative artificial intelligence tools in their professional routines. A qualitative exploratory approach was adopted, grounded in Structured Grounded Theory, through which thirteen semi-structured interviews were conducted with managers. Innovatively, data analysis incorporated generative artificial intelligence as an auxiliary methodological resource, in a reflective co-production process. The central phenomenon identified is Human-AI Co-creation, manifested through interaction and practical use of AI. The results reveal that managers use AI for task optimization, continuous learning, communication enhancement, and support for strategic decisions. Co-creation strategies include detailed prompt construction, management of informational inputs, iterative refinement of interactions, and creation of personalized artifacts for reuse. Among the facilitators, the professional "feeling" stands out, a synthesis of repertoire, experience, and critical judgment – which is fundamental for validating AI responses and for dealing with technical limitations, such as hallucinations and the difficulty of deep semantic comprehension. The observed impacts include gains in productivity and efficiency, redirection of activities to the strategic level, and transformations in the perception of AI, which evolves from a mere tool to a cognitive partner. Furthermore, changes in interpersonal dynamics and managers' professional identity are noted, with an expansion of their capacity for organizational impact. The study concludes that human-AI co-creation emerges as a hybrid strategic competence, emphasizing that critical judgment and human sensibility remain irreplaceable, even in a scenario of increasing technological mediation.