O lúdico no cuidado de enfermagem à criança e ao adolescente hospitalizados: uma revisão integrativa

Abstract

Introdução: A hospitalização infantil representa um evento que pode impactar significativamente o bem-estar emocional, social e cognitivo da criança, do adolescente e de seus familiares. O ambiente hospitalar, com rotinas rígidas, procedimentos invasivos e afastamento do convívio familiar, frequentemente provoca sentimentos de medo, ansiedade, insegurança e estresse. Nesse contexto, destaca- se a importância de estratégias que contribuam para humanizar o cuidado, como a utilização do lúdico pela equipe de enfermagem. O lúdico, enquanto prática terapêutica, permite à criança expressar sentimentos, elaborar experiências relacionadas ao adoecimento e facilitar a aceitação de procedimentos, promovendo maior adesão ao tratamento e cuidado atraumático. Objetivo: identificar publicações científicas acerca da utilização do lúdico no cuidado de enfermagem à criança e ao adolescente hospitalizado. Metodologia: A pesquisa foi realizada com recorte temporal entre os anos de 2022 e 2024, abrangendo as bases de dados Embase, PubMed, BVSALUD, CINAHL e SciELO. Para a condução da revisão, seguiram-se seis etapas metodológicas: identificação do tema e da questão de pesquisa; definição dos critérios de inclusão e exclusão; seleção e categorização dos estudos; avaliação crítica dos artigos incluídos; interpretação dos dados e síntese do conhecimento produzido. A busca inicial resultou em 116 artigos. Após aplicação dos critérios de elegibilidade, 13 publicações compuseram o corpus final da revisão. Os estudos selecionados foram analisados de forma descritiva, considerando aspectos como ano de publicação, país de origem, delineamento metodológico, população investigada, objetivos, estratégias lúdicas utilizadas e principais resultados. Resultados: Os estudos apontam que o brincar terapêutico e outras práticas lúdicas contribuem para a humanização do cuidado pediátrico, promovendo redução da ansiedade, medo e estresse relacionados à hospitalização. Estratégias como brinquedotecas, jogos interativos, contação de histórias e o uso estruturado do brinquedo terapêutico são utilizadas pela enfermagem pediátrica para promover o bem-estar emocional de crianças e adolescentes hospitalizados. Identificaram-se, contudo, desafios como falta de sistematização no uso do lúdico, ausência de protocolos e escassez de capacitação profissional. Conclusão: O lúdico configura-se como uma ferramenta terapêutica essencial no cuidado de enfermagem em pediatria, devendo ser incorporado de forma sistemática e planejada às rotinas assistenciais. Para isso, faz- se necessário investir em capacitação profissional, adequação dos ambientes hospitalares e construção de políticas institucionais que garantam o direito ao brincar durante a hospitalização, promovendo uma assistência mais segura, acolhedora e integral à criança e ao adolescente.

Introduction: Child hospitalization represents an event that can significantly impact the emotional, social, and cognitive well-being of children, adolescents, and their families. The hospital environment, characterized by rigid routines, invasive procedures, and separation from family life, often leads to feelings of fear, anxiety, insecurity, and stress. In this context, the importance of strategies that contribute to the humanization of care becomes evident, such as the use of play by the nursing team. Play, as a therapeutic practice, enables children to express feelings, process illness-related experiences, and better accept procedures, thereby promoting greater adherence to treatment and less traumatic care. Objective: To identify scientific publications regarding the use of play in nursing care for hospitalized children and adolescents. Methodology: The research focused on studies published between 2022 and 2024, using the Embase, PubMed, BVSALUD, CINAHL, and SciELO databases. The integrative review followed six methodological steps: identifying the theme and research question; defining inclusion and exclusion criteria; selecting and categorizing studies; critically appraising the included articles; interpreting the data; and synthesizing the resulting knowledge. The initial search yielded 116 articles. After applying eligibility criteria, 13 publications comprised the final review corpus. The selected studies were analyzed descriptively, considering publication year, country of origin, methodological design, study population, objectives, play strategies used, and key findings. Results: The studies indicate that therapeutic play and other playful practices contribute to the humanization of pediatric care by reducing anxiety, fear, and stress associated with hospitalization. Strategies such as playrooms, interactive games, storytelling, and the structured use of therapeutic toys are employed by pediatric nurses to support the emotional well-being of hospitalized children and adolescents. However, challenges were identified, including the lack of systematization in the use of play, absence of protocols, and limited professional training. Conclusion: Play is an essential therapeutic tool in pediatric nursing care and should be systematically and intentionally integrated into care routines. Achieving this requires investment in professional training, adaptation of hospital environments, and the development of institutional policies that ensure the right to play during hospitalization, thereby promoting safer, more welcoming, and holistic care for children and adolescents.