A integração das fontes de energia renovável variável (FERVs) no SIN: curtailment e seus efeitos para os agentes de geração

Abstract

A transição energética impulsiona a expansão de fontes de energia renovável variável (FERVs) no Brasil, que, apesar de dispor de uma matriz elétrica predominantemente limpa, enfrenta desafios significativos na integração deste tipo de fonte de geração. Este trabalho analisa as consequências técnico-econômicas dessa expansão, com foco no crescente fenômeno do curtailment de geração e seu impacto financeiro sobre os agentes de geração de energia, intensificado pelo descolamento do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) entre submercados. A rápida penetração de usinas eólicas e solares, especialmente na região Nordeste, e eventos como o blecaute de agosto de 2023, evidenciaram a necessidade de gestão da variabilidade e das limitações da infraestrutura de transmissão. Utilizando dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) de 2024 e do primeiro trimestre de 2025, o estudo quantifica o curtailment, que atingiu seu pico de geração frustrada em setembro de 2024, gerando um impacto setorial, especialmente sobre os agentes de geração, cuja rentabilidade dos projetos renováveis tem sido afetada. A análise revela que a maior parte dessas restrições ocorre por confiabilidade elétrica e razões energéticas. Adicionalmente, o risco de preço se agrava com o descolamento do PLD entre Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste a partir de 2025, aumentando a exposição financeira dos geradores. Por fim, este estudo oferece uma visão abrangente de que a combinação de sobreoferta regional, limitações de transmissão e o impacto da micro e minigeração distribuída na carga líquida configuram um cenário complexo que demanda novas soluções estratégicas para as atuais exigências do setor elétrico brasileiro.