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Abstract:
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Diante da crescente urgência imposta pelo aquecimento global e da limitada eficácia das atuais estratégias de mitigação, as tecnologias de intervenção climática, como a Modificação da Radiação Solar (SRM) e a Remoção de Dióxido de Carbono (CDR), emergem como alternativas complexas e controversas. O objetivo geral deste estudo foi diagnosticar a percepção de jovens universitários sobre as tecnologias de Modificação da Radiação Solar (SRM), avaliando sua familiaridade, as considerações éticas e morais associadas, e comparando-as com as percepções sobre tecnologias CDR. A pesquisa adotou uma abordagem quantitativa e empírica, utilizando um levantamento survey online com estudantes (18-35 anos) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os participantes foram aleatoriamente direcionados a um de dois grupos focados em tecnologias SRM (Injeção de Aerossóis na Estratosfera - SAI, Clareamento de Nuvens Marinhas - MCB, Engenharia Espacial) ou CDR (Aflorestamento/Reflorestamento, Sequestro de Carbono no Solo, Biomassa Marinha/Carbono Azul). O questionário, baseado no modelo de Baum et al. (2024b), foi refinado após um teste piloto. Complementarmente, foi realizada uma entrevista com representantes da Secretaria do Meio Ambiente e Clima de Santa Catarina (SEMAE) para colher impressões iniciais sobre SRM. Os principais resultados indicaram uma baixa familiaridade dos estudantes com as tecnologias SRM (64% nunca ouviram falar ou sabiam muito pouco), em contraste com uma maior familiaridade com CDR (67% consideraram-se razoável ou muito familiarizados). A entrevista com a SEMAE também revelou desconhecimento inicial sobre SRM e preocupações com complexidade, governança e segurança, ressaltando a necessidade de inclusão do Sul Global nos debates. No que tange ao apoio à pesquisa, desenvolvimento e implementação, as tecnologias SRM enfrentaram desconfiança: SAI foi a mais rejeitada (50%), seguida por Engenharia Espacial (35%) e MCB (21%). Preocupações específicas com SRM incluíram o temor de efeitos colaterais não intencionais da SAI (61% de concordância) e o risco de desincentivo à redução de emissões de CO2 (50% de concordância). Para Engenharia Espacial, destacou-se a forte discordância (87%) sobre sua viabilidade econômica. Em contrapartida, as tecnologias CDR demonstraram aceitação e confiança significativamente maiores, com Aflorestamento e Reflorestamento liderando (92% de apoio), seguido por Biomassa Marinha/Carbono Azul (67%) e Sequestro de Carbono no Solo (66%). Afirmações positivas sobre Aflorestamento/Reflorestamento tiveram alta concordância (média de 72%). O estudo conclui que há um ceticismo robusto e uma cautela considerável em relação às tecnologias SRM entre os jovens universitários pesquisados, contrastando com uma percepção mais favorável e maior confiança nas abordagens CDR. As recomendações enfatizam a necessidade urgente de fomentar a educação climática, promover a participação pública inclusiva (especialmente do Sul Global e de jovens), desenvolver marcos regulatórios nacionais e internacionais baseados na precaução, e estimular a cooperação científica Norte-Sul. A principal contribuição do trabalho reside em preencher uma lacuna na literatura ao investigar a percepção de jovens estudantes no Sul Global (Brasil) sobre intervenções climáticas, fornecendo dados empíricos para um debate mais equilibrado e democrático sobre o futuro climático. |
