Entre mundos: política, erotismo e produção de sentidos em espaços bissexuais digitais

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Title: Entre mundos: política, erotismo e produção de sentidos em espaços bissexuais digitais
Author: Monaco, Helena Motta
Abstract: Bissexuais estão presentes nos mais variados espaços demarcados como gays, lésbicos ou heterossexuais, mas espaços físicos identificados como bi são raros. No entanto, os últimos anos têm revelado uma intensificação no uso das tecnologias digitais para a construção de espaços de ativismo e sociabilidade bissexuais. Através de uma etnografia, esta tese explora espaços bissexuais em plataformas e aplicativos, principalmente Instagram, TikTok, Facebook e WhatsApp. O objetivo da pesquisa é mapear esses espaços e compreender como se constituem em territórios que produzem comunidades ou subjetividades bissexuais, bem como as diferentes práticas presentes em cada um deles. As noções de espaço e território adotadas dizem respeito às suas dimensões sociais, culturais e simbólicas, com atenção especial às práticas do espaço e formas de habitá-lo. Nesse sentido, os espaços bissexuais voltados ao ativismo e aos estudos sobre o tema se caracterizam pela formação de comunidades e o acolhimento entre pares, onde os encontros presenciais são valorizados, mas nem sempre possíveis. Desse modo, é no digital que se firmam de forma mais permanente esses espaços que podem ser caracterizados como heterotopias: espécies de lares bissexuais que invertem as alocações ?normais? ao se contrastarem com o cotidiano. Esse contraste por vezes é percebido como uma vivência entre mundos distintos, em que a experiência nos espaços digitais é permeada por discussões e sociabilidades bissexuais, e, nas interações analógicas dominadas principalmente por espaços não caracterizados como bi, essa questão sequer é colocada em pauta. Observou-se que são criados sentidos distintos sobre a bissexualidade, que se relacionam com a estrutura das plataformas, formas de resistência, adaptação e manejo das condições algorítmicas por parte dos usuários, mas também com interesses divergentes dos sujeitos. Em alguns espaços é mais forte o discurso político e acadêmico sobre a bissexualidade como identidade para mobilização e conquista de direitos, formação de uma comunidade e acolhimento entre pares. Em outros, ela se torna uma agregadora para práticas sexuais e afetivas, ou, ainda, aparece em elementos de identificação rápida, como trejeitos e vestimentas. Assim, não há consensos absolutos e os sentidos atribuídos à bissexualidade estão em constante disputa, ora numa perspectiva totalizante, que entende essa sexualidade como uma experiência completa e independente, ora numa perspectiva somatória que a compreende como a combinação de dois elementos distintos. Nas publicações em redes sociais são criados sentidos e estéticas bissexuais para identificação entre pares, que colocam em pauta diferentes dimensões do desejo bissexual, com a ênfase em relações com mulheres e com homens de expressão de gênero dissidente. Já nos espaços de erotismo há uma associação da bissexualidade a práticas sexuais com homens e mulheres, ou, ainda, a uma corporificação do desejo na presença de genitais distintos. Assim, as mídias digitais concentram uma proliferação de vozes que evidenciam pontos de ruptura e disputas envolvendo a definição do sujeito do movimento bissexual, diferentes entendimentos e formas de expressão da bissexualidade.Abstract: Bisexual people are present in a wide range of spaces marked as gay, lesbian or heterosexual, but physical spaces identified as bisexual are rare. However, recent years have shown a growing use of digital technologies to build spaces for bisexual activism and sociability. Through an ethnography, this thesis explores bisexual spaces in platforms and apps, primarily Instagram, TikTok, Facebook and WhatsApp. The research?s goal is to map those spaces and to understand how they are constructed as territories, which produce bisexual communities or subjectivities, as well as the different practices present in each of them. The notions of space and territory adopted refer to their social, cultural and symbolic dimensions, with special attention to the practices of space and ways of inhabiting it. Thereby, the bisexual spaces focused on activism and studies on the topic are characterized by the construction of communities and support among peers, where face-to-face meetings are valued, but not always possible. In digital locations, spaces that can be characterized as heterotopias are established in a more permanent way: kinds of bisexual homes which invert the ?normal? allocations by contrasting with everyday life. This contrast is sometimes perceived as an experience between two different worlds in which the experience on digital spaces is filled with bisexual discussions and sociabilities, and, in analog interactions dominated mainly by spaces not characterized as bi, this topic is not even brought up. It was observed that distinct meanings about bisexuality are created, which are related to the platforms? structure, forms of resistance, users? adaptation and management of algorithmic conditions, and also with the subjects? divergent interests. In some spaces, the political and academic speech on bisexuality as an identity for political mobilization and achievements, or for creating community and support, is stronger. In other cases, bisexuality is an aggregator for sexual and affective practices, or even appears in quickly identifiable elements, such as mannerisms and clothing. Thus, there is no absolute consensus, and the meanings attributed to bisexuality are in constant dispute, sometimes from a totalizing perspective, which understands this sexuality as a complete and independent experience, sometimes from a summative perspective that understands it as the combination of two distinct elements. Social media posts create bisexual meanings and aesthetics for identification among peers, which bring to the table different dimensions of bisexual desire, with an emphasis on relationships with women, or men of dissident gender expression. In spaces of eroticism, there is an association between bisexuality and sexual practices with men and women, or even with an embodiment of desire in the presence of different genitals. Therefore, digital media concentrates a proliferation of voices that highlight points of rupture and disputes involving the definition of the bisexual movement?s subject, different understandings and forms of expression of bisexuality.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2025.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/266840
Date: 2025


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