Para um design convivencial

Abstract

Este artigo é inspirado no trabalho de Ivan Illich, principalmente em sua obra A convivencialidade (1976 [1973]). Illich é autor de uma crítica da industrialização e da insustentabilidade do que é chamado de desenvolvimento, a partir da qual ele começa a ensaiar maneiras alternativas de existir, de estar com os outros e de estar no mundo. Nesse percurso, Illich antecipa questões que o design só passa a explorar no final do século XX, inspirando diversos autores do design e especialmente do design para a sustentabilidade e do codesign. O objetivo deste artigo é discutir as antecipações de Illich e articulá-las na formulação do design convivencial, entendido como um ethos projetual inspirado em sua ideia de convivencialidade, por meio do qual se busca inspirar e transformar as práticas do design. A análise de sua obra permite identificar três movimentos metodológicos em direção a um design convivencial: 1) conduzir uma crítica ao status quo; 2) imaginar propostas alternativas; e 3) qualificar cuidadosamente o ethos das alternativas.

This article is inspired by the work of Ivan Illich, mainly his book Tools for Conviviality (1973). Illich presents a critique of industrialization and the unsustainability of what is called development, from which he begins to explore alternative ways of existing, being with others, and being in the world. Along this path, Illich anticipates issues that design only begins to address at the end of the 20th century, inspiring many authors in design, particularly in sustainable design and co-design. This article aims to discuss Illich's anticipations and articulate them in the formulation of convivencial design, conceived as a project ethos inspired by his notion of conviviality, aimed at inspiring and transforming design practices. The analysis of his work allows the identification of three methodological design movements toward a convivencial design: 1) conducting a critique of the status quo; 2) imagining alternative proposals; and 3) carefully qualifying the ethos of the imagined alternatives.