Inovação social, conceito em (des)construção: Um estudo sobre a UFSC (2025)

Abstract

Este trabalho analisa e acompanha o processo de sensibilização da comunidade acadêmica sobre a construção da agenda de inovação social na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destacando seus desafios institucionais e seu potencial transformador. A pesquisa, baseada em uma abordagem etnográfica e participativa, revela que a UFSC adota um modelo bottom-up de inovação social, contrastando com as abordagens de outras instituições. Através de reuniões com diversos centros e campi, identificou-se tanto a riqueza de projetos com impacto social quanto os obstáculos estruturais que os limitam, como a burocracia excessiva e a fragmentação de recursos, humanos e financeiros. Um dos principais entraves é a rigidez do sistema SIGPEX, que não reconhece iniciativas híbridas de pesquisa-extensão, tornando-as "invisíveis" institucionalmente. Além disso, a crise orçamentária exige criatividade na captação de recursos, gerando debates sobre os limites éticos das parcerias público-privadas. Apesar disso, emergiram "temas âncora" (como agroecologia e saúde comunitária) que podem fortalecer a inovação social na universidade. O estudo também evidencia uma disputa conceitual: enquanto alguns enxergam a inovação social como uma ferramenta de mercantilização do conhecimento, outros a defendem como instrumento de transformação estrutural, vinculado a demandas sociais reais. Conclui-se que a inovação social na UFSC representa um campo de disputa política e epistemológica, mas também uma oportunidade para reafirmar o papel da universidade pública na produção de conhecimento comprometido com a justiça social. A experiência da UFSC pode servir como modelo para outras instituições.

This study examines and documents the process of raising awareness within the academic community about the development of a social innovation agenda at the Federal University of Santa Catarina (UFSC), highlighting its institutional challenges and transformative potential. Based on an ethnographic and participatory approach, the research reveals that UFSC adopts a bottom-up model of social innovation, contrasting with approaches taken by other institutions. Through meetings with various departments and campuses, the study identified both the richness of socially impactful projects and the structural obstacles limiting them, such as excessive bureaucracy and the fragmentation of human and financial resources. A key barrier is the rigidity of the SIGPEX system, which fails to recognize hybrid research-extension initiatives, rendering them institutionally "invisible." Additionally, budget constraints demand creative resource mobilization, sparking debates over the ethical limits of public-private partnerships. Nevertheless, "anchor themes" (such as agroecology and community health) emerged as potential drivers for strengthening social innovation at the university. The study also highlights a conceptual dispute: while some view social innovation as a tool for commodifying knowledge, others defend it as an instrument for structural transformation tied to real social demands. The conclusion underscores that social innovation at UFSC represents both a site of political and epistemological struggle and an opportunity to reaffirm the role of public universities in producing knowledge committed to social justice. UFSC’s experience may serve as a model for other institutions.