O adoecimento no Alto Xingu: estados alterados e intermedicalidade

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Title: O adoecimento no Alto Xingu: estados alterados e intermedicalidade
Author: Lopes, Marriety Cristine Braz
Abstract: Esta dissertação investiga as concepções indígenas sobre o processo de adoecimento e cura no Alto Xingu, com ênfase na saúde mental, a partir da experiência etnográfica da autora como psicóloga do DSEI Xingu e pesquisadora em Antropologia Social. O estudo analisa os itinerários terapêuticos de indivíduos e famílias indígenas, explorando como se articulam práticas biomédicas, xamânicas e religiosas nos cuidados de saúde. Parte-se da noção de que os estados alterados, comumente medicalizados no modelo biomédico, são interpretados pelas comunidades indígenas a partir de suas cosmologias, redes de parentesco e experiências relacionais e espirituais. Utilizando os conceitos de estados alterados, itinerários terapêuticos, autoatenção e intermedicalidade, a pesquisa evidencia como as comunidades indígenas mobilizam múltiplos saberes e agentes terapêuticos para enfrentar o adoecimento. A metodologia empregada baseia-se em observação participante, entrevistas e registro etnográfico. A política pública de saúde indígena, embora normativamente orientada pela atenção diferenciada, ocasionalmente pode operar através da lógica biomédica. A intermedicalidade, nesse contexto, aparece como campo de negociação e integração. O trabalho contribui para a compreensão das complexidades que envolvem o processo de saúde e doença nestes contextos interculturais, propondo uma atenção às epistemologias indígenas e ao papel das espiritualidades no processo terapêutico. A pesquisa destaca a importância de políticas que reconheçam e articulem diferentes formas de produzir saúde e cuidado, com base em uma perspectiva crítica e intercultural.Abstract: Cette dissertation examine les conceptions autochtones du processus de maladie et de guérison dans le Haut Xingu, en mettant l'accent sur la santé mentale, à partir de l'expérience ethnographique de l'auteure en tant que psychologue au sein du DSEI Xingu et chercheuse en anthropologie sociale. L'étude analyse les itinéraires thérapeutiques d'individus et de familles autochtones, en explorant la manière dont les pratiques biomédicales, chamaniques et religieuses s'articulent dans les soins de santé. Elle part du postulat que les états altérés, souvent médicalisés dans le modèle biomédical, sont interprétés par les communautés autochtones à travers leurs cosmologies, leurs réseaux de parenté et leurs expériences relationnelles et spirituelles. En mobilisant les concepts d?états modifiés de conscience, d?itinéraires thérapeutiques, d?auto-soin et d?intermédicalité, la recherche met en évidence comment les communautés autochtones convoquent des savoirs et des agents thérapeutiques multiples pour faire face à la maladie. La méthodologie employée repose sur l?observation participante, les entretiens et l?enregistrement ethnographique. L?analyse des cas révèle que la politique publique de santé autochtone, bien que théoriquement fondée sur le principe de l?attention différenciée, fonctionne souvent selon une logique biomédicale dominante. L?intermédicalité apparaît alors comme un champ de négociation et d?intégration. Ce travail contribue à la compréhension des complexités impliquées dans les processus de santé et de maladie dans ces contextes interculturels, en proposant une attention portée aux épistémologies autochtones et au rôle des spiritualités dans le processus thérapeutique. La recherche souligne l?importance de politiques de santé qui reconnaissent et articulent différentes manières de produire le soin et la santé, selon une perspective critique et interculturelle.
Description: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2025.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/267551
Date: 2025


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