Abstract:
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A exposição à poeira do algodão na indústria têxtil está relacionada a doenças respiratórias ocupacionais. O objetivo primário deste estudo foi investigar a relação entre a presença de sintomas respiratórios (tais como tosse e expectoração crônicas) e exposição atual (não-cumulativa) à poeira do algodão. Para tanto, realizamos um estudo epidemiológico transversal em três indústrias têxteis de grande porte, localizadas na cidade de Brusque (SC) equipadas com sistema de ar condicionado e exaustão para diminuir a exposição à poeira do algodão. A intensidade da exposição à poeira do algodão, nestas três indústrias, foi examinada através de um analisador de particulado do ar ambiente (HIAC-ROYCOâ-E.U.A.). Um total de 601 trabalhadores foram selecionados aleatoriamente para responder questionário auto-aplicável, validado, desenvolvido pela Sociedade Americana do Tórax (ATS-DLD-78). O índice de resposta foi 85,8%. Em algumas áreas, foram encontradas concentrações 1,5-5,0 vezes superiores àquelas permitidas; Setenta e um porcento dos participantes estavam expostos a concentrações superiores às permitidas pelas normas técnicas americanas. As características demográficas dos trabalhadores expostos, exceto pela presença de exposição, foram similares às dos não-expostos, predominando adultos jovens (idade média de 37,3 vs. 36,9 anos, respectivamente), do sexo masculino (84,5 vs. 76,6%, respectivamente) e não-fumantes (69,0 % vs. 73,1%). O tempo de trabalho nas indústrias não diferiu entre os dois grupos. Mais da metade dos participantes (57,5%) relatou algum sintoma respiratório. Os sintomas mais freqüentemente relatados foram, tosse com expectoração persistentes, dispnéia aos esforços, crises de sibilos e sibilos alguma vez no passado. Estes sintomas foram significativamente mais freqüentes nos trabalhadores fumantes, expostos ou não e nos não-fumantes expostos do que nos não fumantes não-expostos. Após controlar para idade, tabagismo, e relato de asma alguma vez no passado, os resultados da análise [odds ratios de prevalência (95% IC)] mostraram que trabalhadores expostos à poeira de algodão tiveram uma chance maior de relatar tosse com expectoração persistentes [1,8 (1,1 - 3,1)] na tabela IX e dispnéia aos esforços [2,2 (1,3 - 3,6)] na tabela IX ,mas não sibilos alguma vez no passado e crises de sibilos, do que os trabalhadores não-expostos. Asma alguma vez no passado foi o principal fator associado a todos os sintomas respiratórios analisados. Os resultados mostraram que a exposição a níveis de poeira do algodão acima dos limites de tolerância permitidos, está associado com um aumento da prevalência de sintomas respiratórios, especialmente tosse com expectoração crônicas e dispnéia aos esforços. |