Abstract:
|
Este estudo teve dois objetivos. Primeiro, apresentar uma proposta de assistência de enfermagem com crianças portadoras de necessidades especiais e sua família, com vistas ao resgate de sua cidadania. Segundo, refletir sobre o viver com necessidades especiais, numa sociedade excludente. O referencial utilizado foi a produção teórica sobre cultura produzida pela antropologia da saúde, a teoria da Diversidade e Universalidade Cultural do Cuidado de Madeleine Leininger, a concepção de educação de Paulo Freire e Demerval Saviani e a reflexão crítica sobre cidadania e sociedade inclusiva. O trabalho foi desenvolvido em uma instituição de reabilitação em um estado da região sul do Brasil, no período de junho a setembro de 1999. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa com dois enfoques. O primeiro, do campo da pesquisa ação, envolveu a construção, aplicação e avaliação de uma proposta de cuidar em enfermagem, apresentando-se como uma possibilidade teórico metodológica de cuidar de crianças portadoras de necessidades especiais, nas relações familiares e sociais. O segundo trata-se de um estudo exploratório-analítico do viver com necessidades especiais em uma sociedade excludente. As técnicas de investigação utilizadas foram: observação participante, entrevistas e estudo documental. O processo de cuidar envolveu consultas de enfermagem, visitas domiciliares, oficinas pedagógicas e visitas a instituições sociais. Os resultados mostram que o processo de cuidar proposto evidenciou-se como um instrumental importante e apropriado para a assistência de enfermagem à crianças com necessidades especiais e suas famílias, bem como, contribuiu para o resgate dos direitos de cidadania deste grupo. Revelam também, que a constatação da deficiência gera grande desequilíbrio na vida das famílias, causando significativas alterações psicológicas e sociais. Alguns momentos foram identificados como importantes neste processo de viver, destacando-se: o momento da notícia do diagnóstico do filho; a identificação da mudança na dinâmica familiar; as limitações impostas pela sociedade, como atitudes discriminatórias e barreiras físicas; o acentuado desconhecimento dos direitos das pessoas portadoras de deficiência, entre outras. O estudo conduz a reflexões de como a enfermagem, enquanto prática social, tem a contribuir na construção da cidadania da criança com necessidades especiais e suas famílias. Destaco, também, que na literatura em enfermagem existem poucas pesquisas sobre o tema. |