Abstract:
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Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com uma abordagem sócio - histórica. Seu objetivo foi historicizar: de um lado, as relações de poder que se estabeleceram entre as irmãs religiosas que atuavam na enfermagem, assim como entre elas e os demais membros, em especial os médicos; e, de outro, as práticas médicas e de enfermagem realizadas, as condições dos pacientes e de trabalho do pessoal de enfermagem e, as micro rupturas que ocorreram, no Hospital de Caridade, em Florianópolis - SC, no período compreendido entre 1953 a 1968. Para a análise dos dados encontrados neste estudo, utilizou-se do referencial foucaultiano, sobre o poder e as tecnologias de poder. Na coleta de dados, realizaram-se entrevistas semi-estruturadas com vinte e três personagens que atuaram direta ou indiretamente no Hospital de Caridade, nesse período. No intuito de subsidiar as entrevistas realizadas e complementar os dados, tornando o estudo mais consistente, foram utilizadas outras fontes como: os prontuários dos pacientes desse Hospital, os relatórios anuais das irmãs da Congregação da Divina Providência, os do provedor do Hospital e, os dos secretários da saúde do Estado, bem como revistas, jornais, livros e fotografias pertinentes ao assunto. O trabalho permitiu focalizar o Hospital de Caridade como principal pólo de assistência curativa no Estado de Santa Catarina, a sua filosofia, as condições organizacionais, as condições dos pacientes e dos funcionários, bem como as relações de poder que se estabeleceram entre as irmãs enfermeiras e os médicos, com a irmã superiora e com o provedor, entre outros. Foram evidenciados nos resultados, o poder religioso, o poder-saber, e o poder disciplinar que as irmãs enfermeiras exerceram junto aos demais no Caridade, principalmente em conseqüência de um novo saber instituído, o saber científico da enfermagem, aprendido na academia. Em decorrência do poder-saber aparecem os conflitos de poder, as resistências e as micro rupturas. |