Abstract:
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O hipotireoidismo subclínico é definido pela presença de nível aumentado de TSH e níveis normais de hormônios tireoideanos. Podem ocorrer repercussões clínicas, com alterações cárdio-vasculares, músculo-esqueléticas, de perfil lipídico e estado de humor. É questionável ainda se este quadro corresponde a um hipotireoidismo "verdadeiro" em evolução, ou se é uma anormalidade bioquímica, sem disfunção de órgão alvo. Em 80% dos casos de hipotireoidismo subclínico, há alteração de função tireoideana por anticorpos IgG autoimunes, dirigidos principalmente contra a tireoperoxidase (TPO). O objetivo deste estudo foi avaliar a subclassificação de IgG anti-TPO, a medida da sua avidez (força de ligação entre anticorpos e seus epítopos específicos) e a detectabilidade e níveis de marcadores inflamatórios (IL-1, IL-6, IL-10, IFN-g, TNF-a e neopterina) em pacientes portadoras de hipotireoidismo subclínico (hs), comparando tais achados aos de pacientes portadoras de hipotireoidismo estabelecido (he) e grupo controle (c). Foram avaliadas amostras de soros de 95 pacientes do sexo feminino, 34 com hs, 33 com he e 28 pacientes com função tireoideana normal, de acordo com os níveis de TSH e T4 livre. As dosagens de TSH, T4 livre, a subclassificação de anti-TPO e as dosagens de marcadores inflamatórios foram realizadas por método imunoenzimático (ELISA), enquanto que a dosagem de anti-TPO foi feita por quimioluminescência. A comparação da distribuição das variáveis nos três grupos foi realizada através de testes não paramétricos e as análises de correlação pelo coeficiente de Spearman. Os níveis de TSH foram diferentes entre os pacientes com hs e he (p=0,03), apesar de ambos elevados. Os níveis de T4 livre foram diferentes entre os pacientes com hs e c (p<0,001), ainda que ambos dentro da faixa normal. Os níveis de anti-TPO e a medida da sua avidez não diferiram entre os grupos hs e he. A subclassificação de IgG anti-TPO nos grupos de pacientes portadores de hs e he mostrou maior percentual de positividade para IgG1 e IgG4, com positividade de IgG1 de 71% no grupo hs e 67% no grupo he, enquanto que a positividade de IgG4 foi de 97% no grupo hs e 79% no grupo he A relação IgG1/IgG4 foi significativamente maior no grupo de pacientes portadoras de he (p=0,008) IgG1 é capaz de fixar complemento levando a lesão tecidual, enquanto que IgG4 não o faz. Desta forma, o predomínio de IgG1 sobre IgG4 através da medida de sua relação, pode estar associado ao potencial de lesão tecidual em pacientes portadores de hs. A dosagem de marcadores inflamatórios mostrou-se positiva em pequeno número de pacientes, com detectabilidade de TNF-a em 8,8%, IL-6 em 14,7% e IL-10 em 3% dos pacientes com hs. O acompanhamento das pacientes portadoras de hs permitirá a correlação destes dados (positividade e níveis de IgG1 e IgG4, bem como a sua relação) com a evolução clínica |