Abstract:
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Na perspectiva crítica do discurso, a linguagem é considerada como uma forma de prática social, interligada a outros aspectos sociais (Fairclough, 1995); neste contexto se insere o ensino de língua estrangeira, uma prática sociohistórica complexa e dinâmica. Partindo das premissas que textos podem reforçar e/ou transformar crenças e práticas (Kress, 1989), e que a voz do professor-pesquisador é crucial na pesquisa em sala-de-aula, inclusive favorecendo a formação continuada do próprio professor (Freeman, 1996; Freire, 1997), este trabalho discute um diário dialogado realizado por uma professora de inglês e a própria professora-pesquisadora, num período de quinze meses. Visando esclarecer as representações e relações sociais construídas conjuntamente, esta pesquisa se baseia numa microanálise das interações escritas apoiada na lingüística sistêmica, especificamente nas estruturas de Modo e Transitividade (Halliday, 1985, 1994). Os resultados da análise revelam que três aspectos semelhantes despontam no discurso das duas professoras: (i) em termos de relações sociais, há um crescimento longitudinal de modulação, sugerindo que mais obrigações e inclinações são registradas no diário; (ii) também em termos de relações sociais, há um aumento no uso de we/let's como sujeitos gramaticais, fortalecendo o posicionamento do professor como sujeito, e constituindo relações de poder mais simétricas; (iii) em termos de representações, há um aumento considerável de processos materiais, sugerindo que aumentam as ações na esfera do fazer. Este fazer docente, além de se apoiar num grande número de processos mentais:cognitivos e relacionais registrados inicialmente, com o tempo, passa a incluir mais processos materiais, inclusive os criativos, sugerindo um fazer reflexivo. Através do trabalho sistemático via diário dialogado, da sua produção e interpretação, verifica-se que as representações e relações sociais constituem e são constituídas pela linguagem. Neste sentido, ressalta-se a importância de práticas discursivas críticas em projetos de educação continuada. Futuras pesquisas sobre diálogos entre educadores podem ampliar as conclusões aqui apresentadas. |