Abstract:
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O presente trabalho tem como objetivo geral verificar a existência de associação entre deficiência de ferro e alimentação de lactentes. Investigou-se uma amostra de 345 crianças com idade entre 8 e 12 meses, residentes no Município de Lages/SC. Destas, 194 foram incluídas na análise final do trabalho. As informações sobre alimentação foram obtidas através do método de inquérito nutricional recordatório 24 horas, realizado durante dois dias. As demais informações sobre a saúde da criança, através de questionário, em entrevista com as mães, no momento da coleta dos exames de sangue e fezes no laboratório. A deficiência de ferro foi classificada quanto às formas, em duas categorias. Leve ou moderada, quando o índice de Hb (hemoglobina) apresentou valor maior que 11g/dL e pelo menos mais 2 dos índices laboratoriais foram anormais (volume corpuscular médio e concentração de hemoglobina corpuscular média, ferritina sérica ou ferro sérico), considerando-se sempre pelo menos um valor diminuído entre os índices bioquímicos de ferro corporal, segundo Instituto Americano de Nutrição (1994). A forma severa de deficiência de ferro foi caracterizada pelo valor da Hb menor que 11g/dl , segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), além da presença dos índices laboratoriais anormais já mencionados. Os pontos de corte utilizados para os índices laboratoriais foram os seguintes: volume corpuscular médio <70 µm3; concentração de hemoglobina corpuscular média <32 g/dl; Ferro sérico <30 µg/dl e Ferritina sérica <15 µg/L. Verificou-se a prevalência de 58,8% de deficiência de ferro na população total investigada e na amostra incluída na análise, observou-se 55,2% de deficiência de ferro na forma severa e 19% de deficiência de ferro nas formas leve e moderada. Não foram observadas associações significativas entre deficiência de ferro e as variáveis sexo, intervalo interpartal, número de crianças menores de 5 anos na casa, ocorrência de internação hospitalar, freqüência de doenças, parasitoses intestinais, estado nutricional da mãe, anemia materna, idade da mãe, escolaridade materna, duração do aleitamento materno exclusivo, duração do aleitamento materno total, introdução de outros leites, idade de introdução de leite de vaca, consumo de leite de vaca fresco, adequação da introdução de frutas, adequação da introdução de carnes, adequação de energia, adequação de proteína, adequação de vitamina C e adequação de ferro da dieta atual. Encontrou-se associação estatisticamente significante (p<0,05) entre a deficiência de ferro e as variáveis, adequação da biodisponibilidade de ferro da dieta atual menor que 90% em relação a recomendação da OMS (1989), renda familiar menor que 4 salários mínimos e não introdução de cereais enriquecidos com ferro na alimentação. |