Abstract:
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Essa dissertação trata da importância do se pensar a relação do par saber-poder na construção do conhecimento científico-lingüístico. Sua relevância se encontra na investigação e discussão de como se sustenta e se constrói a disciplina lingüística conhecida por gerativismo. Esse trabalho se justifica igualmente como forma de chamar a atenção dos lingüistas para o fato de que sua prática científica é também, inexoravelmente, uma prática política. Isso porque existe uma forma de compatibilidade entre saber científico e poder político no pensamento chomskiano que pode ser traçada investigando-se os fundamentos racionalistas tanto de sua parcela lingüística quanto de sua parcela política. A crítica política de intenção aparentemente mordaz, que recobre como uma casca o ativismo político de Chomsky, corporifica, em sua materialidade e expressão, elementos reacionários e conservadores. Aponta, assim, em direção oposta ao pluralismo, ou seja, sugere, como prática de organização e ação política, preceitos fundamentados em uma moral do senso-comum escorada pelos ideais de igualdade e liberdade. Entretanto, por outro lado, seu trabalho científico aponta para uma afinidade revolucionária com uma certa lógica esquizofrênica inerente ao capitalismo. E permanece nesse jogo de formas e forças em um ponto de indecisão radical. Embora haja momentos em que afirma a incompatibilidade entre saber e poder no seu pensamento, em outros momentos, Chomsky afirma ser possível traçar a relação existente entre saber e poder que se entrelaçariam entre si nos seus trabalhos de pesquisa científica e em suas atividades de ativista político. Isso significa que será preciso investigar as relações entre a doutrina filosófica conhecida por racionalismo, na sua versão clássica, e o racionalismo que se manifesta na forma do pensamento lingüístico chomskiano para que fique evidente o caráter mítico da idéia de dissociação entre dois possíveis chomskys que seriam incompatíveis, por natureza, entre si. E, por conseguinte, traçar a ligação desse racionalismo chomskiano com aquele outro racionalismo político de cunho russel-popperiano -humanista de máscara pacifista- que se manisfeta na crítica política à hegemonia imperialista estadunidense que Chomsky realiza. Tudo isso para que o pensamento chomskiano desloque historicamente a lingüística contemporânea do rumo que assumiu em direção à atual epistemologia naturalizada de caráter bio-lógico. E para o qual o gerativismo lingüístico é, contraditoriamente, o maior representante. |