Abstract:
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O presente trabalho cujo objetivo é caracterizar como os agricultores utilizam e se relacionam com os agrotóxicos nos cultivos de arroz, banana e fumo, foi desenvolvido na sub-bacia do Córrego Guaruva, em Sombrio, Santa Catarina, através de dados obtidos em visitas às propriedades rurais, entrevistas e testes de colinesterase sangüínea. O cultivo de arroz sofreu fortes modificações a partir dos anos 80, com adoção de novas tecnologias e com uma maior dependência dos agrotóxicos. Não obstante, os produtores estão distantes de uma maior preocupação relativa a estes produtos, e em quase 50% dos casos afirmam não receber nenhuma orientação a respeito das aplicações, desconhecendo ou desconsiderando os períodos de efeitos residuais, de carência, de resguardo na entrada nas lavouras, da forma mais apropriada de utilização e de cuidados com os recipientes. A banana, cultivada em áreas de 5 a 12 há, concentra-se principalmente nas encostas, próxima às nascentes. Os produtores não têm os devidos cuidados com os tratos culturais necessários a este cultivo, sendo realizada a capina, de forma química e o ensacamento dos cachos, porém com sacos de lixo. Os produtores afirmam conhecer todas as doenças e pragas deste cultivo e descartam diagnósticos pôr parte dos técnicos, aplicando os agrotóxicos de forma e em quantidade abusivas, muitas vezes preventivamente, por acreditar que assim conseguirão uma produção expressiva. O cultivo do fumo, que ocupa áreas de 1,5 a 3,5 há da propriedade, muito próximas às casas dos agricultores, é realizado no sistema de integração. As empresas fornecem orientação no tocante à indicação dos agrotóxicos e cuidados com as embalagens, mas mesmo assim os produtores costumam aumentar a dosagem dos pesticidas na preparação das caldas. Os agrotóxicos utilizados nos diferentes cultivos pertencem a diversas classes toxicológicas, sendo comum o uso de organofosforados e carbamatos. O teste de colinesterase sangüínea realizado em 148 pessoas revelou que os maiores índices ocorreram na classe correspondente à probabilidade de intoxicação nos cultivos de arroz e banana, com 48,4 e 62,5%, respectivamente. Na intoxicação aguda o cultivo de arroz forneceu o valor de 21,6% e o de banana, 12,5%. Tanto no arroz como na banana a faixa etária mais atingida corresponde àquela dos 15 aos 24 anos. Para aqueles que trabalham com o fumo, foram registrados valores mais brandos, com 30% dos casos com probabilidade de introxicação, fato provavelmente derivado das análises terem sido realizados em período de pulverizações menos frequentes. |