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O espectro das doenças transmissíveis, atualmente, tem variado de forma acelerada e as doenças emergentes e reemergentes vêm se constituindo em fator de preocupação para as autoridades sanitárias de todos os países. Dentro do elenco de doenças reemergentes se inclui a cólera, que alcançou o continente americano em 1991, trinta anos após o início dessa que é a sétima pandemia a acometer a humanidade e a primeira a ser causada pelo Vibrio cholerae El Tor. Objetivo: Descrever o comportamento epidemiológico da cólera no Brasil no período de 1991 a 2000 segundo a distribuição dos casos por sexo e faixa etária; critério de confirmação de casos; tipo de atendimento prestado e evolução do caso; descrever o processo de difusão espaço-temporal da cólera e avaliar os coeficientes de incidência, mortalidade e letalidade no país. Método: Estudo descritivo do perfil epidemiológico da cólera no Brasil, de 1991 a 2000, através da avaliação das variáveis de pessoa, tempo e lugar constantes dos bancos de dados do Centro Nacional de Epidemiologia. Resultados: A sétima pandemia alcançou o território brasileiro em abril de 1991, através do município de Benjamim Constant, Amazonas. Até o ano 2.000, foram registrados 168.591 casos e 2.034 óbitos. Três padrões de comportamento diferenciados podem ser observados, tanto em termos de produção de casos no tempo quanto no espaço: 1991, restrição à Região Norte; 1992-94: epidemias explosivas na Região Nordeste; 1995-2000: queda abrupta de casos no país. Apesar de sua introdução pela Região Norte, foi no nordeste que a cólera se difundiu com toda a intensidade, concentrando 155.356 casos e 1.712 óbitos, o que corresponde a 92,15% dos casos e 84,17% dos óbitos registrados no país no período. Os coeficientes de incidência foram mais elevados para o sexo masculino; todas as faixas etárias foram afetadas, chamando a atenção a expressão da doença entre os menores de 1 ano e idosos, que também apresentaram as maiores taxas de letalidade. Após 1995, os coeficientes de incidência entre as crianças foram maiores naquelas de 1 a 4 anos. Do total de casos de cólera registrados, 65,69% foram confirmados pelo critério clínico-epidemiológico e 34,08%, pelo critério laboratorial, observando-se um uso inadequado de ambos os critérios em algumas Unidades Federadas. O atendimento foi hospitalar em 78,52% dos casos. Conclusão: Apesar da drástica redução de casos de cólera no país, chegando a sete casos em 2001, as precárias condições de saneamento continuam colocando extensas áreas do país em situação de vulnerabilidade, notadamente nas Regiões Norte e Nordeste. É importante manter a vigilância da cólera inserida num contexto maior de atenção às doenças diarréicas; além da realização de estudos, principalmente acerca da circulação e sobrevivência do Vibrio cholerae no ambiente em períodos interepidêmicos. |
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