Abstract:
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Este trabalho mostra os resultados do estudo morfológico e sedimentológico realizado no fundo da enseada de Ratones, localizada no setor noroeste da ilha de Santa Catarina (SC), e inserida no domínio costeiro da bacia hidrográfica de Ratones. A enseada constitui uma feição geomorfológica rasa, com águas calmas e profundidade média e máxima de 1,19m e 2m, respectivamente. Seu comprimento máximo é 2.155,1m; a largura máxima é 2.773,3m; sua área é 4,0269km2 e seu perímetro envolvente de 10,03km. Marés do regime de micro marés, que apesar de pequena amplitude exerce importante papel no transporte de sedimentos costeiros. Nos entornos da enseada ocorrem importantes ambientes de sedimentação e podem ser caracterizados pela sua origem, forma, tipos de depósito e cobertura vegetal específicos. Os depósitos reconhecidos estão relacionados aos marinho praiais, fluvial, estuários e paludial, todos com idade holocênica. Os 8 perfis batimétricos realizados no sentido NW-SE e NE-SW num total de 18,2km de linhas sondadas. Complementados pelo modelo digital de terreno (MDT), resultando num fundo relativamente plano com perfil assimétrico entre as margens opostas da ponta da Luz, a sul, e do pontal da Daniela, a noroeste. O gradiente batimétrico é mais acentuado nas proximidades do pontal da Daniela e a adjacente à desembocadura do rio Ratones. Na enseada foram reconhecidas 3 margens distintas quanto aos aspectos morfológicos, complementados por dados sedimentológicos e cobertura vegetal, denominadas de margem Noroeste-Norte, Norte-Leste e Sul. As fácies texturais de fundo da enseada de Ratones estão diretamente relacionadas com as rochas do embasamento cristalino e os depósitos e fácies da planície costeira, plataforma continental interna (baía Norte) e rios Ratones e Veríssimo. Os sedimentos de fundo foram classificados em 4 fácies de acordo com o tamanho granulométrico: arenosa; areno-lamosa; lamo-arenosa e lamosa. Os sedimentos arenosos concentram-se nas imediações do pontal da Daniela e desembocadura do rio Ratones, os sedimentos lamosos nos setores mais abrigados da enseadas e, os demais ocupam zonas transicionais entre as regiões dominadas por areias e lamas. Planilhas de dados sedimentológicos; mapa textural; mapas de teores de areia, silte e argila; mapas de teores de matéria orgânica e carbonato; mapas de variação do diâmetro médio, desvio padrão, assimetria e curtose; diagramas triangulares; histogramas de freqüência simples e gráficos de correlação entre as medidas de dispersão, complementam a sedimentologia de fundo da enseada de Ratones. A avaliação da taxa de sedimentação/erosão mostra que há influência da vegetação de marismas. Estes bancos atuam diretamente no fluxo de entrada das águas e dificultam a remobilização de materiais muito finos e arenosos. Nos pontos com cobertura vegetal o processo de sedimentação aumentou ou, no mínimo não ocorreu erosão. Mesmo em ambientes protegidos por barreiras naturais como o pontal da Daniela, foi verificado uma erosão completa dos sedimentos arenosos dos quadros em frente ao banco da marisma. Os agentes dinâmicos que regulam a dinâmica da enseada e são responsáveis pelos processos de transporte e deposição incluem: ventos dos quadrantes norte e sul, ondas geradas por estes vento, correntes de marés, deriva litorânea e a circulação fluvial. |