Abstract:
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A conservação da Floresta Atlântica supõe o conhecimento tanto da comunidade como da autoecologia das espécies que a compõem. Alguns dos primeiros trabalhos que tratam da Floresta Atlântica remontam do início do século XX. Mais tarde outras pesquisas foram desenvolvidas, tendo como pano de fundo a malária e a ecologia do mosquito transmissor no Sul do Brasil. Dentro deste contexto o Parque Botânico do Morro Baú, Ilhota/SC, faz parte da história e da paisagem, local onde este estudo foi realizado. O objetivo deste trabalho foi ampliar o conhecimento sobre a dinâmica de uma comunidade de Floresta Ombrófila Densa através da avaliação de parâmetros de auto-ecologia das espécies arbóreas. Foi estabelecida uma transecção de 10 x 1000m, onde a cota altimétrica varia 372/489m, com topografia bastante acidentada. Todos os indivíduos arbóreos com diâmetro a altura do peito (DAP) igual ou superior a 5cm foram mensurados, etiquetados e colhido uma amostra vegetal para posterior identificação. Foram identificadas 135 espécies, distribuídas nas zonações Encosta íngreme com 60 espécies, Pico de morro 67, Encosta suave 112 e Fundo de vale 65; das quais 72 foram classificadas como Higrófilas, 42 Indiferentes e 21 Xerófilas. Quanto aos Grupos de densidade registrou-se como Muito Comum 1 espécie, Comum 14, Pouco Comum 40, Esparso 34 e Muito Esparso 46. Dentro dos grupos ecológicos, 60 foram incluídas como climácica, oportunista 61, pioneira de clareira 12 e pioneira edáfica 2. Quanto à estratégia de regeneração foi registrado 102 espécies com banco de plântulas e 33 com banco de sementes. Considerando-se o porte, 55 são Macrofanerófitas, 73 Mesofanerófitas e 7 Nanofanerófitas. A floração mostrou sazonalidade com picos de produção nos meses de verão com média de 49,25 (dp.18,25) espécies/mês. A frutificação denotou comportamento de pouca variação sazonal com 41,5 (dp.4,60) espécies/mês. Os frutos foram enquadrados em cinco categorias funcionais: bacóide 52, drupóide 48, capsulóide 28, samaróide 4 e vagem indeiscente 3. A caracterização das espécies dentro das síndromes de polinização demonstrou predomínio da zoofilia (129 espécies) e o da anemofilia (06). Quanto ao número de sementes de cada fruto: 106 espécies 1-5 sementes, 15 com 6-13, 6 com 15-30 e 8 com 50-125. Classificando-as segundo o volume, 85 espécies pertencem ao grupo 0,002-0,999 cm3 dos frutos, 19 espécies > 10 cm3. Quanto ao número de sementes, observou-se: Unisseminadas 37 espécies, 2-4 sementes 66, 5-10, 10 e > 10, 22. No conjunto, ficou evidente a grande especificidade de adaptações de cada uma das espécies, tendendo a comunidade a possuir elevados níveis de interação com a fauna, principalmente através dos fenômenos de polinização e dispersão de suas sementes. Este trabalho mostrou a necessidade de estudos mais detalhados em campo, sobre cada uma das espécies como condição imprescindível para ações de conservação e manejo das comunidades florestais da Floresta Ombrófila Densa. |