Abstract:
|
A crescente preocupação da população com a qualidade de vida e com a saúde fez com que houvesse um aumento no consumo de sucos a base de frutas naturais e sem conservantes. Os fungos filamentosos termorresistentes são um dos principais contaminantes de sucos processados termicamente. Estudos sobre a incidência de fungos termorresistentes evidenciam que o solo é a principal fonte de contaminação das frutas por estes fungos. Conseqüentemente, frutas e vegetais que estiverem em contato ou próximos do solo são mais susceptíveis à contaminação por estes microrganismos que, além de produzirem enzimas que degradam as frutas e seus produtos derivados, podem produzir micotoxinas. A elaboração de produtos de frutas a partir de matéria-prima contaminada por esporos termorresistentes compromete a vida de prateleira do produto, uma vez que este será deteriorado antes do prazo de validade previsto, pois estes fungos sobrevivem às temperaturas normais de pasteurização e se desenvolvem no produto final. Neste contexto, a microbiologia preditiva se apresenta como uma ferramenta importante no estudo do crescimento de vários microrganismos, como os fungos filamentosos termorresistentes, sendo que um dos modelos mais utilizados é o Modelo de Gompertz Modificado. Este trabalho teve por objetivo avaliar o crescimento de Byssochlamys fulva e de Neosartorya fischeri, fungos de reconhecida resistência térmica, pelo método de diluição e plaqueamento, em sucos naturais de abacaxi e maracujá, às temperaturas de 20 e 30ºC. Foi proposta ainda a avaliação do crescimento destes fungos pelo método de filtração, como um método alternativo. Uma comparação entre os parâmetros de crescimento velocidade específica máxima de crescimento (m), duração da fase lag (l) e aumento logarítmico da população (A) obtidos graficamente e estimados pelo Modelo de Gompertz Modificado, demonstrou que, em média, a diferença entre os valores obtidos para estes parâmetros foi de 36,6%, 15,9% e 8,08%, respectivamente. O Modelo de Gompertz Modificado ajustou-se bem aos dados experimentais, com coeficientes de correlação que variaram de 0,90 a 0,99. Durante a fase lag, foi observada uma diminuição da população, o que dificultou o ajuste do modelo, que não prevê este comportamento. Os valores de velocidade específica máxima de crescimento e duração da fase lag, estimados para B. nivea, foram os mais afetados pela variação do meio e da temperatura de crescimento, praticamente não havendo diferença na população máxima atingida. Somente o crescimento de B. nivea foi avaliado pelo método de filtração. Neste método, foi observada uma dificuldade na caracterização da fase lag devido às pequenas quantidades de biomassa a serem medidas nesta fase do crescimento. Foi observado que o crescimento de B. nivea em suco de abacaxi ocorreu em 3 dias quando estocado a 20°C e em 1 dia e meio quando estocado a 30°C. O crescimento deste fungo em suco maracujá apresentou uma pequena variação crescendo em 4 dias quando estocado a 20°C e em apenas um dia quando estocado a 30°C. Os resultados evidenciam a importância da prevenção da contaminação da matéria-prima de sucos de frutas por fungos filamentosos termorresistentes, uma vez que a vida de prateleira destes sucos pode ser drasticamente diminuída. |