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A partir do fenômeno da globalização, emana um sentimento que domina o mundo moderno: o de supressão física da distância, dando-nos a sensação - entre outras percepções - de que nenhum lugar é longe demais. Reconhecidamente, vivemos num país pluriétnico, que abriga uma população variada em constante interação, aparentemente explicitando a harmonia entre os grupos, dando a impressão de um clima de convivência democrática. No entanto, a realidade empírica e as construções teóricas indicam a existência de fronteiras entre os grupos étnicos. Por isso considerando o fato de que educar cidadãos numa sociedade multicultural exige uma nova proposta que contemple a diversidade cultural, interpretamos a adoção inter-racial como uma forma de educação intercultural, explicitando as possibilidades de constituição de uma família, que, de maneira ousada, denominamos, multirracial. O estudo que ora apresentamos é de natureza qualitativa, com caráter exploratório e descritivo. Assim, utilizamos como referencial de coleta de dados o Estudo de Caso, através de observações, entrevistas semi-estruturadas e não estruturadas. Os sujeitos da pesquisa foram os integrantes de uma família branca que optou pela adoção de uma criança negra. Os resultados deste estudo apontam para o fato da possibilidade de uma experiência positiva de adoção inter-racial, que prima pelo respeito às diferenças e lança perspectivas para o desejo de "um outro lugar", uma fronteira, que não necessariamente é o local onde algo termina, mas o ponto, a partir do qual algo começa a se fazer presente; onde as diferenças possam ser articuladas e não excluídas, numa experiência de confronto que, na história da humanidade, é muito pouco percebida através positividade (possibilidades de entre-lugares, de hibridismos, onde algo pode começar a se fazer presente), sendo enfatizada, normalmente, a negatividade (a eliminação, a exclusão, lugar onde algo termina): uma família multirracial. |
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