Abstract:
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Hedyosmum brasiliense Mart. é a única espécie representante da família Chlorantaceae no Brasil. H. brasiliense, conhecida popularmente como cidrão (SC, PR), tem suas folhas utilizadas na medicina popular para diferentes fins, no entanto, só foram comprovadas suas atividades analgésicas e antimicrobianas. A espécie é encontrada em ambientes com baixa ou alta disponibilidade de água. Assim, o estudo de parâmetros fisiológicos e anatômicos em plantas de H. brasiliense, crescidas em diferentes condições hídricas, pode ajudar a esclarecer que mecanismos são utilizados pela espécie para enfrentar a baixa disponibilidade de água, contribuindo não só para uma maior compreensão da auto-ecologia desta espécie, mas também para melhor compreensão da adaptação de espécies à deficiência hídrica. Plantas jovens de H. brasiliense foram acondicionadas sob caixas confeccionadas com tela de sombrite (50% de corte de luz) e submetidas a dois regimes hídricos, rega diária com água até percolação (controle) e rega quinzenal com solução de polietilenoglicol de potencial hídrico de #0,9 MPa (plantas sob deficiência hídrica). Para comparação entre os resultados obtidos foi utilizado o teste t. A concentração de prolina foi maior nas plantas sob deficiência hídrica do que nas plantas controle, sendo indicador de aclimatação ao estresse hídrico. O déficit hídrico resultou num decréscimo da massa seca total, tanto em termos de raiz como de parte aérea. No entanto, a razão raiz/parte aérea foi maior nas plantas sob déficit hídrico, mostrando um maior investimento da planta no desenvolvimento das raízes em detrimento da parte aérea. A TCR também sofreu redução em função da deficiência hídrica. Nas plantas sob déficit hídrico ocorreu uma redução no tamanho das células epidérmicas e estomáticas, que resultou num aumento da densidade estomática, e uma redução da área foliar. Ainda na folha, o déficit hídrico promoveu a senescência foliar, assim como levou a uma diminuição na espessura do mesofilo e da lâmina foliar, principalmente pela redução na espessura do parênquima esponjoso. No caule, as plantas sob deficiência hídrica apresentaram uma redução no diâmetro total, dada principalmente pela menor atividade cambial e pela redução das divisões mitóticas das células do córtex. A raiz, sob déficit hídrico, alongou-se, porém ocorreu uma redução no diâmetro total, embora tenha aumentado o número de arcos xilemáticos. Os resultados indicam que as plantas jovens de Hedyosmum brasiliense Mart. possuem plasticidade para modificar algumas características morfo-anatômicas e fisiológicas em função do déficit hídrico, o que favorece seu estabelecimento tanto em ambientes com alta quanto com baixa disponibilidade de água. |