Abstract:
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No Brasil, a apicultura evoluiu muito nas três últimas décadas, tendo à frente o estado de Santa Catarina, com a atividade já consagrada na agricultura familiar. Para que haja sustentabilidade na atividade, há necessidade de haver uma melhor compreensão das relações existentes entre os processos biológicos e as relações sócio-econômicas. Este trabalho centra-se em um estudo de casos, envolvendo dois grupos de apicultores distintos em suas características sócio-culturais e pertencentes a duas regiões fisiograficamente diferenciadas entre si. Em busca de uma melhor compreensão dos fatores que interferem na otimização da apicultura, e que atingem o seu ator social principal, procurou-se identificar alguns aspectos estratégicos atraves de entrevistas, questionarios semi-estruturados e visitas in loco. Os aspectos identificados estão ligados ao manejo da abelha africanizada, à produtividade e qualidade dos produtos apícolas, à manifestação de problemas que afetam a sanidade do apiário e, principalmente, ao conhecimento que o apicultor tem sobre todos estes aspectos, fundamentais à sua atividade. Ficaram evidenciadas características singulares dos dois grupos amostrados, com os fatores culturais, sócio-econômicos, agroclimáticos, biológicos e subjetivos interagindo e fornecendo um quadro amplo e polêmico, já que as inferências e constatações apontadas são muito mais de caráter qualitativo do que quantitativo. Os aspectos de perfil e de conhecimento desses apicultores demonstraram que são atores sociais com os fenômenos macrossociais, os recursos físicos e os conhecimentos locais atuando fortemente quanto à sua prática criatória, com estes elementos (entre outros) orientando sua lógica, sua tomada de decisão e suas atitudes em relação à sua atividade. Os apicultores diferenciam-se em aspectos como os da região serrana em 86,7% terem o primeiro grau (completo ou não), enquanto na região litorânea 53,3% cursou o segundo grau; na região serrana, 26,7 % dos apicultores tem entre 500 e 1300 colméias, enquanto na região litorânea apenas um apicultor, representando 6,7%, possui mais que 500 colméias; os apicultores serranos são os que trabalham com apicultura migratória e os do litoral são os que produzem e comercializam pólen; os apicultores serranos são, predominantemente, de origem e atividade rural enquanto os da região de Joinville são, a maioria, urbanos tendo a apicultura como atividade complementar. Os outros aspectos, entre os dois grupos, não apresentaram contrastes relevantes. Estes grupos apresentam conhecimentos e práticas de manejo adequados o suficiente para alcançar uma boa produtividade com um relativo equilíbrio sanitário em seus apiários, porém carecem de informações mais específicas sobre a abelha africanizada. Mesmo asssim, a maioria deles destaca-se em manejo, sanidade e produtividade frente a suas Associações de Apicultores. |