Abstract:
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A silvicultura catarinense está aumentando sua participação no mercado de produtos florestais no Brasil e no mundo. Para atender a demanda do mercado é necessário encontrar novas tecnologias que aumentem a produtividade e a sustentabilidade das plantações florestais. Dentre essas novas tecnologias, a melhoria da qualidade das mudas poderá contribuir para o estabelecimento das florestas em regiões menos favoráveis. Para atingir esse objetivo, alguns países já recomendam, ou mesmo exigem, a inoculação de mudas de essências florestais com fungos ectomicorrízicos (fECM). A simbiose mutualística entre raízes e fungos, denominada micorriza, beneficia a produção florestal, uma vez que aumenta a absorção de nutrientes e protege as plantas contra condições adversas. Assim, é necessário selecionar fECM eficientes para que se possa estabelecer as melhores combinações hospedeiro-fungos a ser aplicadas em programas florestais. Com esse propósito, 13 isolados de fungos ectomicorrízicos, obtidos de plantações de pínus em Santa Catarina, foram estudados em relação à infectividade e à eficiência em promover o crescimento de mudas de Pinus taeda. Inicialmente, a produção de inoculante desses isolados foi estudada em duas condições de aeração: natural e forçada. Nenhuma diferença foi detectada em relação a esses dois tratamentos em termos de crescimento dos fungos. Isto indica que o inoculante fúngico pode ser produzido com aeração natural, o que representa maior ganho de tempo e outros custos. Como o nível de fósforo pode ser um fator importante para a infectividade e eficiência dos fECM, um segundo estudo foi realizado para testar o efeito de cinco diferentes níveis de P (0, 0,5, 1,0, 2,0 e 4,0 mg P por planta) na colonização, produção de matéria seca e absorção de P de mudas de P. taeda inoculadas separadamente com os 13 isolados de fECM. O substrato de plantio, à base de uma mistura turfa-vermiculita, foi inoculado com inoculante proveniente do estudo de aeração, sendo distribuído em tubetes plásticos (60 mL) e semeado com cinco sementes de P. taeda por tubete. Após duas semanas foi realizado o desbaste, deixando-se somente uma planta por tubete. As plantas foram mantidas em casa de vegetação durante 120 dias e irrigadas diariamente com água destilada. Após esse período, foram colhidas e avaliadas quanto à colonização micorrízica, altura, diâmetro, matéria seca e conteúdo de P na parte aérea. Os maiores níveis de P no substrato inibiram a colonização pelos isolados. A dose de 1 mg P por planta foi a que mais favoreceu a colonização. Os isolados Marx 270 (Pisolithus tinctorius), UFSC-Am75 (Amanita muscaria), UFSC-Sc42 (Scleroderma sp.) e UFSC-Su118 (Suillus cothurnatus) foram aqueles que apresentaram maior potencial para programas de inoculação em viveiros de Pinus taeda. Finalmente, inoculante com oito meses de idade de um dos isolados UFSC-Rh90 (Rhizopogon nigrescens), produzido em bioreator airlift e imobilizado em alginato de cálcio, foi testado em relação a mudas de P. taeda em casa de vegetação, mostrando alta infectividade e indicando que a fermentação líquida, seguida pela imobilização em gel, pode ser um método eficiente para a produção de inoculante de fungos ectomicorrízicos. |