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O problema da verdade é um dos temas centrais em filosofia, sendo um dos que têm suscitado, historicamente, grandes discussões e produção bibliográfica extensa, além de ser, tal assunto, de suma importância em particular para filosofia da ciência, para epistemologia e para a lógica. Como se sabe, há várias teorias da verdade, mas essas teorias (correspondência, coerência, redundância, pragmática etc.) parecem não considerar diretamente uma característica muito intrigante da física a nível experimental, que são os erros de medida encontrados em qualquer procedimento empírico e com os quais o cientista tem que conviver no laboratório. De certa forma, a cada magnitude física a, medida em laboratório, associa-se um intervalo b - e = a = b + e de 'valores aceitáveis' (ou possíveis) para a medida de a, que dependem de um parâmetro e que expressa o 'erro de medida' ou a imprecisão do aparelho utilizado na medição. Um dos resultados mais interessantes relacionados a esse conceito é que uma lei física como f = ma, quando aplicada a um sistema físico s, pode ser tal que, devido aos intervalos considerados como aceitáveis para cada magnitude, as quantidades medidas de força, massa e aceleração podem acarretar que se encontrem valores f1, m1, a1 e f2, m2, a2 (todos aceitáveis como medidas de força, massa e aceleração) dentro de cada intervalo respectivo tais que f1 = m1a1 mas f2 ? m2a2. Deste modo, f = ma será tanto 'empiricamente verdadeira' quanto 'empiricamente falsa' para o sistema s adequadamente descrito. No entanto, obviamente não se pode ter que f = ma f ? ma, pois não é possível encontrar valores f', a' e m' pertencentes a cada intervalo aceitável, tais que o produto de m' por a' dê exatamente f' e não dê ao mesmo tempo. Essa é uma maneira de se afirmar que uma contradição nunca se verifica experimentalmente para um mesmo sistema físico adequadamente considerado. A tentativa de se inserir em um mesmo quadro conceitual tanto a teoria física como as possíveis imprecisões de medida (ou seja, a experiência com seus erros) que conduzem a este estranho comportamento associado aos valores de medida encontráveis em laboratório, é uma das finalidades do conceito de verdade empírica, o qual permite aproximar bastante a ciência (ou seja, as construções científicas) daquilo que realmente realiza o cientista no laboratório. Neste trabalho, é feita uma apresentação detalhada desse conceito. Estuda-se a sua lógica subjacente, mostrando que tal problemática não pode ser alicerçada em uma lógica clássica , mas que pode ser devidamente fundamentada por meio de uma lógica paraconsistente chamada de lógica paraclássica. Além disso, é discutida a contraparte filosófica relacionada e esse conceito de verdade, tendo em vista a sua relevância filosófica e atualidade. The problem of truth is one of the central issues in philosophy, one that has historically excited great debates and extensive bibliographical production, being also of the utmost importance in particular for philosophy of science, epistemology and logic. It is well known that there exist several theories of truth, but these theories (correspondence, coherence, redundancy, pragmatic, etc.) seem not to directly consider a very intriguing characteristic of the physics at its experimental level, which are the measurement errors found in any empirical procedure and with which the scientist has to deal in her laboratory. In a certain way, each physical magnitude a, measured in laboratory, is associated with an interval b - e = a = b + e of 'acceptable (or possible) values' of the measurement of a that are dependent on a parameter e expressing the 'measurement error' or the imprecision of the device used in the measurement. One of the most interesting results related to this concept is that when a physical law, such as f = ma, is applied to a physical system s, it may be such that, due to the intervals considered as acceptable for each magnitude, the measured amount of force, mass and acceleration might be the values f1, m1, a1 and f2, m2, a2 (all acceptable as measures of force, mass and acceleration) found inside each respective interval such that f1 = m1a1 but f2 ? m2a2. In this way, f = ma shall be 'empirically true ' as well as 'empirically false' for the adequately described system s. However, it is obvious that one cannot have f = ma f ? ma, for it is not possible to find values f', a' and m' pertaining to each acceptable interval, such that the product of m' for a' is exactly f' and it is not f' at the same time. This is a way of affirming that a contradiction is never experimentally verified for the same adequately considered physical system. The attempt of inserting the physical theory as well as the possible imprecision of measurement (i.e., the experience along with its errors) that leads to this strange behavior, associated with the values of measurement found in laboratory, in the same conceptual framework is one of the aims of the concept of empirical truth, which allows sufficient approach of the science (i.e., the scientific constructions) to what the scientist really does in the laboratory. In this work, a detailed presentation of this concept is made and its underlying logic is studied, showing that such problem cannot be founded by a classical logic, but only by means of a paraconsistent one called paraclassic logic. Moreover, the philosophical counterpart related to this concept of truth is discussed in view of its philosophical relevance nowadays. |
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