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Este trabalho lida com a produção de D.H.Lawrence enquanto o escritor inglês residia no México em 1923 e 1924, o romance The Plumed Serpent e os ensaios da coleção Mornings in Mexico, analisados de uma perspectiva pós-colonial. O projeto parte do pressuposto de que é tarefa do crítico pós-colonial, como Edward Said argumenta, tornar visível a ideologia contida nos textos imperiais e canônicos. Seria reducionista, no entanto, alegar que o material aqui analisado, em que pesem as estruturas coloniais que Lawrence necessariamente habita, seja "uniformemente imperialista". A complexidade do romance The Plumed Serpent reside precisamente no fato de que se pode observar uma ambivalência problemática: por um lado, um esforço inegável de Lawrence para tomar o partido das vítimas da Conquista Espanhola, o que leva o escritor a assumir uma postura "anti-imperialista", ainda que platônica, quando reverte papéis de figuras do episódio histórico, quais sejam, a figura de Hernán Cortés (criando um protagonista nativo mexicano que promove a reinstalação da religião Asteca, banindo o Cristianismo do México) e a figura de Malinche (amante e intérprete de Cortés); por outro lado, como qualquer sujeito imbricado em sua cultura, ele é inexoravelmente incapaz de atravessar o abismo que o separa do outro mexicano, e a questão da incomensurabilidade cultural se apresenta de forma infinitamente mais complexa do que ele poderia ter sonhado. O resultado de sua tentativa é que quanto mais ele verbaliza suas posições anti-eurocêntricas, mais o eurocentrismo se manifesta em seu discurso. Esse fenômeno é cuidadosamente analisado no capítulo sobre a questão racial (no qual investigo a relação entre Kate e Juana), também no capítulo intitulado "Utopian politics of resistance/orientalism", e ainda no capítulo que chamei "Barbaric Mexico". O capítulo III, "Pattern of role reversals: Fickle attempt of deconstruction" apresenta uma análise sistemática dos papéis históricos que Lawrence reverte em sua ficção. Por fim, o capítulo V apresenta uma análise rigorosa do contexto social do México enquanto Lawrence lá residiu e como ele se reflete no romance. A conclusão do trabalho aponta, à luz dos capítulos anteriores, para a dupla condição de Lawrence: por um lado, seu desejo de "desaprender a Europa" e sua vontade de resgatar "histórias esquecidas", seu genuino esforço, ainda que perturbado, de explorar diferença cultural; e, por outro lado, sua intensa dependência de construções históricas da própria cultura ocidental que ele tenta desafiar, e quão pouco consciente de suas limitações, enquanto sujeito de seu tempo e de sua cultura, ele foi. Como uma pessoa não-estabelecida e dividida, ele envereda pela tentativa de resistência a aspectos da ideologia imperialista, mas simultaneamente não consegue evitar as armadilhas da retórica do colonialismo. |
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