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A recuperação de uma obra não ocorre em pouco tempo. É um processo que, não raro, dura anos, décadas, séculos. No entanto, há sempre um clímax, um momento crítico a partir do qual o que estava mergulhado no esquecimento coletivo volta à tona. No caso do escritor José Joaquim de Campos Leão (1829-1883), ou Qorpo Santo, este momento foi a noite de 26 de agosto de 1966, em que três de suas comédias foram levadas ao palco do Clube de Cultura, em Porto Alegre, pelo grupo teatral dirigido por Antônio Carlos de Sena. Durante a segunda metade do século XIX, época em que produziu, Qorpo Santo sofreu perseguição da Justiça, com a conivência de parte da sociedade, que entendia que processá-lo como louco era o meio mais eficiente de neutralizar o perigo de suas idéias de vanguarda. Em função de seus hábitos e costumes pouco comuns e também do seu modelo de teatro, Qorpo Santo fora #esquecido# até o ano de 1966. De lá para cá não houve muitos estudos acerca de sua arte, mas já se afirmou, por exemplo, ter o autor triunfense criado o nonsense; falou-se em princípios iconoclastas; em protesto social; em surrealismo e até mesmo em ser Qorpo Santo o #pai do absurdo#. Esta tese não tem por intuito criar um rótulo para o trabalho estético de Qorpo Santo. Queremos, antes, salientar o seu aspecto singular. O dramaturgo sulino foi um observador das relações sociais e naturais para, num segundo momento, registrá-las esteticamente. Porém, a linguagem teatral de sua época parecia ultrapassada para traduzir o que Qorpo Santo visualizava caótico e absurdo. Para problematizar, pois, a desconexão entre a ação e o discurso humanos, o autor criou, conscientemente, uma arte completamente fragmentada e multíplice. The recovery of a written work does not happen in a short time. It is a process that, it is not rare, lasts years, decades or even centuries. Although, there is always a climax, a critical moment as from what was buried into the collective oblivion is brought up. In the special case of the writer José Joaquim Campos Leão (1829-1883), or Qorpo Santo, this moment was on the night of August 26th., 1966, when three of his comedies were taken to the Culture Club#s stage, in Porto Alegre, by the theatrical group directed by Antônio Carlos de Sena. During the second half of XIX century, time when he produced, Qorpo Santo was chased by the justice, with the connivance of part of the society, who understood that sue him as cruzy was the most effective way to neutralize the danger of his vanguard ideas. Because of his habits and his customs not so common and also his model of theater, Qorpo Santo was #forgotten# until the year of 1966. As from then there was not much studies towards his art, but it was already affirmed that, for example, having the author created the nonsense; it has been said that about nonchalant principles, social protests, in surrealism, and even being Qorpo Santo the #father of the absurd#. This thesis does not have the purpose to create a label to the aesthetic of Qorpo Santo. We want, before, to point out his singular aspect. The southern dramatist was an observer of the social and natural relations to, on a second moment, register them aestheticaly. However, theatrical language of his time seemed to be old fashioned to translate what Qorpo Santo visualized as chaotic and absurd. To trouble, then, the disconnection between the action and the human speech, the author created, counsciously, an art completely in fragments and multiplied. |
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