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Verifica-se, na atualidade, o fenômeno educação corporativa (EC) e sua materialização por meio das universidades corporativas (UC's), tomando proporções significativas, embora no meio acadêmico, e em especial na área de educação, a discussão ainda se encontre em compasso lento. Apresento neste trabalho, um estudo de caso sobre a criação e desenvolvimento, no interior de uma grande instituição financeira nacional, da Universidade Corporativa Grande Banco (UC GB), que a partir do final dos anos de 1990, assumiu as prerrogativas de suprir as necessidades de qualificação de seu quadro de pessoal. Na pesquisa qualitativa realizada em 2006, foram ouvidos dirigentes e instrutores internos (ou mediadores de conhecimento) da UC GB. Foram também acessados documentos internos da organização, seu modelo pedagógico, sites da intranet e internet, quadros e tabelas com os valores de investimentos e evolução da área de educação corporativa da empresa, permitindo a reconstituição do percurso histórico dessa instância que se pretende educativa. Os dados referem-se ao período compreendido entre o surgimento da UC GB e os dias atuais. Neste estudo merece atenção o processo de forma(ta)ção dos instrutores internos da organização, na preparação para o exercício docente. Estes profissionais assumem mais esta atividade/responsabilidade, cumulativamente às já exercidas em seu cotidiano sem, no entanto, considerá-la trabalho. "Pagam o preço" para fazer parte do grupo de instrutores, como uma estratégia para sua realização profissional ou, principalmente, fuga em determinados períodos do ano, da rotina massacrante do trabalho bancário. Ao mesmo tempo em que, de maneira geral as UC's se baseiam no modelo das universidades acadêmicas, verifica-se que os objetivos seguem trajetórias opostas, visando outra teleologia. Em que pese a missão e visão da UC GB, seus dirigentes são claros e pragmáticos ao enunciar seus objetivos: todos os processos educativos têm, obrigatoriamente, de estar direcionados aos negócios da organização, e sua finalidade é manter os níveis de rentabilidade, competividade, bem como conquistar novos mercados. A apropriação do vocábulo "universidade", que traz consigo mais de mil anos de história, é realizado sem o menor constrangimento, como "uma jogada de marketing", ou ainda, "para reforçar a imagem interna e externa" da organização junto a seus clientes e funcionários. Da mesma maneira, os conceitos de formação humana e educação são subsumidos à noção utilitarista e de consumo imediato, e usados como sinônimos de treinamento e capacitação, tanto para as atividades tecnico-operacionais, quanto às de cunho comportamentais. |
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