Abstract:
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Este trabalho visou construir um arcabouço teórico preliminar que permitisse conceber a Educação Física Infantil como um processo de relações comunicativas efetivada no Se-Movimentar das crianças e do professor, como processo eminentemente dialógico, travado na dimensão mesma da prática pedagógica. O método priorizado foi o abdutivo/indutivo, proposto por Charles Sanders Peirce, por considerar que a principal hipótese de pesquisa não nasceu de teorias a priori, mas de experiência concreta no âmbito da Educação Física Infantil. Assim, o contato com a literatura atualizada da Educação Física e da Pedagogia, da Sociologia da Infância, da Fenomenologia e, principalmente, com a Semiótica/Lógica peirciana conduziu o processo abdutivo/indutivo na busca de fatos que comprovassem ou refutassem as hipóteses iniciais. De fato, o confronto com esses campos teórico-metodológicos exigiu reformulá-las, sistematicamente. Identificou-se, a princípio, que a lógica da Educação Infantil - dicotômica, fragmentada, apriorística e até determinista - desconsidera os desejos e singularidades das crianças no ato da prática pedagógica, logo, da experiência vívida. Decorre disso, a desvalorização do movimento humano, bem como o desconhecimento sobre o Se-Movimentar das crianças como diálogo direto com as dimensões polissêmicas e polifônicas do mundo. Desse modo, o que se encontra destituído da experiência pedagógica é a própria criança, a qual deveria constituir o cerne dos propósitos pedagógicos da Educação Infantil. Evidenciou-se, ainda, a necessidade de enfrentar alguns fatores aqui considerados como o fulcro das incoerências constatadas: a temática da experiência, da alteridade, da especificidade infantil (o modo de ser criança), do movimento expressivo (expressividade), e das produções sígnicas ("linguagens") ou semioses. Por conseguinte, também as incoerências dos objetivos didáticos. A conclusão encaminhou uma possibilidade didático-pedagógica para a Educação Infantil: uma prática pedagógica em fluxo, baseada no Se-Movimentar como processo de significação e, portanto, passível de ser efetivada somente em relações comunicativas. |