Abstract:
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Reófitas são plantas confinadas no leito de córregos e rios de fluxo rápido e sujeitas à ação de inundações freqüentes. Muitas espécies restritas a estes ambientes peculiares estão ameaçadas de extinção devido ao desmatamento e/ou construção de represas. Algumas espécies de Dyckia (Bromeliaceae) têm distribuição exclusiva em ambiente reofítico, entre elas D. brevifolia. O estudo teve como objetivo analisar a morfoanatomia dos órgãos vegetativos de D. brevifolia e as adaptações relacionadas ao hábitat reofitico. Amostras foram coletadas no Rio Itajaí-Açu (SC, Brasil). Foram feitas análises in vivo e testes histoquímicos. Amostras foram fixadas em glutaraldeído 2,5%, tampão fosfato de sódio 0,1M, pH 7,2, desidratadas em série etílica e infiltradas em parafina e coradas com azul de astra/fucsina básica, ou infiltradas em hidroxietilmetacrilato e coradas com azul de astra/fucsina básica ou azul de toluidina, para estudo em microscopia ótica. Outras amostras desidratadas foram embebidas em HMDS, secas e analisadas em microscópio eletrônico de varredura. Para análise quantitativa, entre folhas de sol e de sombra, foi determinado o número mínimo amostral e dados comparados por teste t. As folhas de D. brevifolia são lanceoladas, com ápice agudo e bordo serreado, e constituídas por bainha e lâmina suculentas. Características da lâmina foliar: dorsiventral, hipoestomática, com nervação paralela; epiderme uniestratificada; células epidérmicas com membrana cutícular espessa e paredes periclinais internas e anticlinais lignificadas; estômatos localizados em depressões e protegidos por tricomas peltados; fibras septadas e esclereides subepidérmicas; amplo hidrênquima aclorofilado adaxial; clorênquima próximo aos feixes vasculares; aerênquima com células estreladas e formando colunas de ar, longitudinais, e conectadas com câmaras subestomáticas; hidrênquima clorofilado, abaxial e alternando com aerênquima. D. brevifolia mostrou plasticidade foliar, nas folhas expostas ao sol, em relação às de sombra, a espessura da lâmina e do hidrênquima adaxial, os graus de suculência e esclerofilia e a densidade estomática aumentam, enquanto a índice foliar reduz. No caule, o estelo, formado por feixes vasculares colaterais dispersos em parênquima fundamental, é delimitado por meristema de espessamento secundário. Ocorrem raízes adventícias intracaulinares. As raízes adventícias são revestidas por epiderme uniestratificada, com pêlos absorventes, e, em fases avançadas de maturidade, por periderme. O córtex é constituído por: exoderme; parênquima externo compacto; anel esclerenquimático; parênquima interno, com espaços intercelulares, mais amplos no sentido basípeto, formando aerênquima; e endoderme, com espessamento das paredes celulares em "U". O sistema vascular, inicialmente triarco, torna-se poliarco, aumentando o número de arcos no sentido basípeto. O sistema vascular encontra-se delimitado externamente pelo periciclo, que origina muitas raízes laterais, e internamente pela medula, com células de paredes espessas e lignificadas. Aspectos morfoanatômicos de D. brevifolia são similares a outras Bromeliaceae, contudo, as características xeromorfas e hidromorfas constituem importantes adaptações às condições de vazantes e cheias do ambiente reofítico. |