Abstract:
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Os números da AIDS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006) têm aumentado principalmente entre pessoas que estão casadas ou que vivem em regime de conjugalidade, principalmente heterossexuais. Apesar de haver um conhecimento bastante disseminado entre a população, ainda assim a prevenção à AIDS tem sido uma ação difícil para as políticas públicas em saúde, principalmente neste segmento da população. Portanto, esta pesquisa tem por objetivo compreender a influência das representações sociais acerca da AIDS na prevenção, ou não, dos comportamentos de vulnerabilidade frente ao HIV entre homens e mulheres heterossexuais que vivem relacionamentos conjugais. Participaram da pesquisa 48 pessoas, das quais metade foram homens e outra metade, mulheres. A faixa de idade variou entre 19 e 74 anos. Utilizou-se como critério para a realização das entrevistas que os participantes tivessem relação de conjugalidade de seis meses, no mínimo. Para a análise do material coletado, foi utilizado um software de análise quantitativa de dados textuais (ALCESTE). O material foi divido em dois corpus para a análise: o primeiro deu enfoque maior aos roteiros sexuais e às histórias de referência de prevenção à AIDS dos participantes da pesquisa; o segundo abordou as representações sociais acerca da AIDS. Sobre a iniciação sexual, os homens com idade acima de 50 anos relataram que ou tiveram a primeira experiência sexual com profissionais do sexo ou mesmo com suas atuais parceiras. Aqueles com idade inferior a 50 anos relataram que suas primeiras experiências sexuais aconteceram com pessoas de sua rede social ou mesmo com as primeiras namoradas. Entre as mulheres com idade acima de 50 anos, a iniciação sexual se deu com o atual companheiro, depois do casamento. Entre aquelas com a idade inferior a 50 anos, parte delas teve a iniciação sexual com o atual parceiro antes do casamento, e parte com parceiro anterior ao atual. Sobre o uso de preservativo, a maior parte das pessoas com idade acima de 50 anos não utilizou preservativos na primeira relação sexual. Os homens disseram que não havia AIDS na época, e as mulheres argumentaram que a primeira relação sexual delas foi com o parceiro atual depois do casamento. Quanto às representações sociais da AIDS, apareceram, entre homens e mulheres, respostas que a caracterizaram como algo que acometia pessoas como atrizes e cantores com comportamentos condenáveis, como sexo promíscuo ou uso de drogas, ou que acometia pessoas que se relacionavam sem preservativo com pessoas de comportamentos perigosos. As respostas ainda centraram que os entrevistados descreveram ter cuidado com pessoas de grupos sociais específicos ainda baseadas nas idéias de grupos de risco. As pessoas relacionaram a AIDS ao medo e ao sexo com pessoas de comportamento perigoso. O amor e a confiança se constituíram como elementos que fizeram os participantes não utilizar o preservativo dentro das relações afetivo-sexuais. Portanto, os participantes organizaram suas práticas sexuais de não prevenção a partir de histórias de referências de utilização ou não de preservativo e de representações sociais acerca da AIDS. |