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Este estudo propõe pensar o herói-anti-herói Sousândrade-Guesa, de "O Inferno de Wall Street" (o emblemático fragmento do poema épico O Guesa, de Joaquim de Sousa Andrade - Sousândrade), como um símbolo do excluído, do miserável, do deslocado, do vencido de ontem e de hoje. A pesquisa parte de uma investigação sobre a violência da linguagem, enquanto órgão de classificação, divisão, racionalização, nacionalização e sentido. Um sentido que é também a condição de verdade para a produção do discurso histórico, esse discurso que conta sempre uma mesma e única história: a dos vencedores. O multidiomático, as invenções-inversões, o hibridismo, o caos, os fragmentos e as dissonâncias do texto sousandradino se apresentam, portanto, como um combate com a língua dentro da própria língua, um périplo de atravessamento, um deserto onde a representação não é mais possível, uma espécie de literatura menor, de devir-menor, de desvio, de ruptura com esse discurso, essa história, essa ordem, uma quebra com toda idéia de completude e naturalidade da língua, dos idiomas, da lei, do mercado, de questionamento em relação a nossas construções binaristas, eternas e hierarquizadas, enfim, de potência de desarticulação do sistema. Nesses desvios, Sousândrade-Guesa se apresenta um Outro, um singular, conseqüentemente, um homo sacer, alguém que deve ser excluído, um messias que se abre ao fracasso, ao abandono de si, mas que, por isso mesmo, é capaz de profanar o improfanável capitalismo, de resistir e tentar uma nova comunidade. |
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