Abstract:
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Esta pesquisa tem por objetivo analisar a experiência da Escola Itinerante que se desenvolve nos acampamentos organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, considerando o contexto de constituição histórica da escola pública, gratuita e universal e o projeto sócio-político-educacional do MST de emancipação social. As problemáticas centrais da pesquisa são: Partindo da materialidade atual, situada num contexto de crise marcadamente contra-revolucionário, como a educação, em especial a escola, pode se encaminhar na direção de um projeto de emancipação humana? O que há de contestador na proposta da Escola Itinerante? Como ela se contrapõe à escola do capital? Quais suas contradições ao buscar reconhecimento do Estado e, ao mesmo tempo, instituir espaços e formas alternativas de escolarização? Quais são os principais limites para que sua proposta se materialize? A proposição escolar do MST representa um embrião, uma referência de escola para a classe trabalhadora? Buscamos conhecer o MST e suas práticas educativas tendo como referência, principalmente, as obras de Marx e Mészáros, para a compreensão da materialidade atual que tem se caracterizado pelo acirramento da lógica destrutiva do capital e pela necessidade histórica da emancipação humana como única alternativa viável frente à destruição da humanidade. Também nos referenciamos nos pressupostos teóricos da Pedagogia Socialista e da Teoria Marxista para desenvolver nossas análises. Em termos metodológicos, realizamos a pesquisa na Escola Itinerante Sementes do Amanhã no Acampamento Chico Mendes, que se localiza no município de Matelândia - PR; realizamos entrevistas, aplicamos questionários e participamos de diferentes encontros do MST. Para analisar as contradições e as potencialidades do trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas no MST na direção da emancipação humana, partimos das seguintes categorias: a relação entre a escola e a vida; a realidade como ponto de partida e chegada da escola; a relação entre trabalho e escola; a auto-organização dos estudantes; a participação dos acampados na escola; os ciclos como forma de resistência da escola; a Escola Itinerante e a relação com o Estado, a escola em movimento e na luta social. Concluímos que esta Escola Itinerante precisa incorporar de forma coletiva e consciente as discussões e ações tendo como eixos centrais a mudança, a história, a luta e o trabalho. Enfim, uma escola que contribua com a elevação do padrão cultural da classe trabalhadora, o que inclui a socialização dos conhecimentos historicamente produzidos, ainda que limitada numa sociedade de classes, auxiliando assim, no acúmulo de forças para a construção do projeto de emancipação humana. |