Abstract:
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As propriedades fitoquímicas e farmacológicas da Achyrocline satureioides, marcela, espécie nativa da América do Sul, vêm sendo estudadas há mais de duas décadas. Devido aos resultados interessantes obtidos, diversos estudos visando o desenvolvimento galênico de produtos fitoterápicos aproveitando o potencial terapêutico demonstrado por esta planta vêm sendo conduzidos. Neste sentido, um extrato seco nebulizado da planta foi desenvolvido e otimizado, possibilitando o desenvolvimento de formas farmacêuticas sólidas. Este extrato foi recentemente avaliado quanto à atividade frente ao HSV-1 e apresentou-se promissor para o tratamento do Herpes simples. Considerando o exposto, este trabalho teve por objetivo o desenvolvimento e a avaliação de comprimidos mucoadesivos contendo o extrato seco previamente desenvolvido visando ao tratamento bucal do Herpes simples. Para isso, o ESN foi caracterizado quanto aos teores de umidade e de quercetina (marcador químico), apresentando valores de 2,47% ± 0,06 e 18,80 mg/g ± 0,07, respectivamente. Os excipientes, Carbopol®, quitosana e hidroxipropilmetilcelulose, polímeros hidrofílicos com características distintas (iônico, catiônico e não-iônico) e o estearato de magnésio (lubrificante), foram caracterizados quanto ao teor de umidade e identificados por espectroscopia de infravermelho. Após isso, foi realizado um delineamento experimental para avaliar as formulações obtidas a partir de misturas de ESN com os polímeros ou suas blendas, sendo estudadas suas características tecnológicas visando à obtenção de comprimidos por compressão direta. No entanto, as misturas apresentaram fluxo e compactabilidade inadequadas. Assim, um segundo delineamento experimental foi traçado, e o método de granulação por via seca foi estabelecido, produzindo comprimidos com propriedades físicas adequadas. As formulações elaboradas foram avaliadas quanto às propriedades físicas, químicas e físico-químicas, sendo todas consideradas aprovadas segundo os critérios da Farmacopéia Brasileira (1988). Uma metodologia por CLAE foi desenvolvida e validada a fim de estabelecer com segurança o teor do marcador químico nos comprimidos. Em seguida, foram avaliados o intumescimento e erosão in vitro das matrizes. A partir desses resultados, inseridos no software, uma formulação otimizada foi proposta, a qual foi também caracterizada. A formulação otimizada apresentou propriedades físicas, químicas e físico-químicas adequadas, e valores de intumescimento (76,16 % em 8h) e erosão (5,42 % em 8 h) satisfatórios, conforme previsto pelo delineamento. A seguir, tanto a formulação otimizada quanto as demais foram avaliadas quanto ao tempo de mucoadesão, que foi considerado satisfatório e depende das características estruturais dos diferentes polímeros. Por fim, todas as formulações foram avaliadas quanto ao perfil e cinética de liberação in vitro de quercetina, empregando-se o método de cubas com agitação de cesta. A maioria das formulações apresentou uma liberação bastante prolongada do marcador, cuja cinética foi caracterizada como de primeira ordem, ou seja, dependente da quantidade de flavonóide remanescente na matriz. A liberação da quercetina a partir da formulação otimizada também foi prolongada (cerca de 50,19 % em 24 h) e obedeceu a uma cinética de ordem zero, ou seja, independente da quantidade remanescente na matriz. |