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Este trabalho alia dois interesses distintos da sociedade atual que se refletem nos esforços empregados pelas indústrias alimetícias e farmacêuticas: reaproveitamento de resíduos industriais através de tecnologias que sejam ambientalmente seguras e que garantam a qualidade dos produtos; e o consumo de produtos compostos por ingredientes naturais que ofereçam benefícios para a saúde humana. A extração supercrítica (ESC) é uma tecnologia que vem se destacando dentre os demais métodos de extração por sua seletividade, por empregar baixas temperaturas e por produzir um extrato livre de resíduos de solventes, garantindo assim extratos de alta qualidade em compostos de interesse, além de a técnica ser considerada segura para o meio ambiente. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi a aplicação desse método de extração na obtenção de extratos de bagaço de uva das variedades Merlot e Syrah em diferentes temperaturas e pressões de operação e avaliar rendimento, composição, atividade antioxidante e antimicrobiana. Os resultados obtidos com o CO2 supercrítico puro e adicionando co-solvente a ele foram comparados com os resultados de técnicas de extração à baixa pressão, Soxhlet e maceração com ultrassom, utilizando diferentes solventes (etanol, acetato de etila, hexano e água). A extração supercrítica foi conduzida com pressões entre 150 e 300 bar, temperatura de 50 e 60 °C e vazão de CO2 de 13 ± 2 g/min durante 4 h. A cinética da extração supercrítica e a modelagem matemática também foram estudadas, sendo o modelo de Martínez et al (2003) o que melhor se ajustou aos dados experimentais. A ESC proporcionou rendimentos de até 5,2 ± 0,6 % para a condição de 300 bar e 60 °C com CO2 puro para a variedade Merlot, e inversão das isotermas de rendimento entre 175 e 180 bar. Com a adição de co-solvente ao CO2 na condição de 250 bar e 60 °C, o rendimento máximo foi de 13,31 ± 0,04 % com 15 % de etanol, também para a variedade Merlot. Para as extrações à baixa pressão, o maior rendimento obtido pelo método Soxhlet foi 14,6 ± 0,2 %, com etanol, enquanto para a técnica com ultrassom foi 12 ± 1 % utilizando água como solvente para as variedades Merlot e Syrah, respectivamente. O maior teor de compostos fenólicos, avaliado pelo método de Folin-Ciocalteau, foi encontrado para o extrato de bagaço de uva Merlot obtido por extração Soxhlet com etanol (118 ± 2 mg GAE/g). O menor valor de EC50 (concentração de extrato que neutraliza 50 % dos radicais livres), determinado pelo método do radical DPPH, também foi apresentado por um extrato de Soxhlet com etanol, mas, dessa vez, para a variedade Syrah (158 ± 2 ?g/mL). A maior atividade antioxidante, determinada pelo método de descoloração do sistema ?-caroteno/ácido linoléico, foi apresentada pelo extrato supercrítico obtido a 150 bar e 50 °C com CO2 puro para a variedade Merlot (66 ± 2 %). Na avaliação da atividade antimicrobiana pelo método de difusão em ágar, os extratos supercríticos obtidos com CO2 puro apresentaram desempenho muito acima dos demais extratos. O extrato obtido na condição de 300 bar e 50 °C apresentou melhor resultado para a atividade antimicrobiana, determinada por microdiluição em meio líquido, inibindo o crescimento de S. aureus com 625 ?g de extrato/mL. Os compostos identificados pela análise cromatográfica líquida de alta eficiência (HPLC) em um maior número de amostras foram ácido gálico, ácido p-OH-benzóico, ácido vanílico e epicatequina. Apesar dos menores rendimentos obtidos pela extração supercrítica quando comparados com as técnicas a baixa pressão, os resultados das análises utilizadas para a avaliação da qualidade dos extratos mostram a importância dessa tecnologia para a obtenção de extratos naturais com atividade biológica. |
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