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A Myrcia multiflora, popularmente conhecida como "pedra-ume-caá" ou "planta insulina", é utilizada na medicina popular sul-americana no tratamento de diabetes, diarreia, enterite, hemorragia e aftas. Dentre os compostos biologicamente ativos isolados desta planta, destaca-se a mirciafenona A, uma acetofenona glicosilada (2-O- -D-glicopiranosil-2',4',6'-trihidroxiacetofenona), que apresenta três hidroxilas em sua estrutura básica, quando aglicosilado (2',4',6'-trihidroxiacetofenona - THA). O presente trabalho teve por objetivo avaliar in vivo a possível atividade antiobesidade, hipolipemiante e hepatoprotetora da THA. Os efeitos antiobesidade e hipolipemiante da THA foram avaliados in vivo em um ensaio agudo (induzida pela administração de Triton WR-1339) e um ensaio crônico (induzida pela dieta hipercalórica). Além disso, avaliamos a relação da THA com absorção intestinal de triglicerídeos (TG), bem como a inibição da atividade das lipases gastrointestinais. A atividade hepatoprotetora da THA foi avaliada pelo modelo de hepatotoxicidade induzida pelo CCl4, verificando seu efeito sobre a concentração sérica dos biomarcadores de danos hepáticos (aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) e lactato desidrogenase (LDH)), indicadores de estresse oxidativo e aspecto histológico da lesão hepática. Os resultados mostraram que a THA causou uma redução significativa nos níveis de colesterol total (CT) (37%) e TG (46%) sendo tão efetivo quanto à Lovastatina (32 e 1%) ou Orlistate (26 e 34%). No ensaio crônico com dieta hipercalórica, a THA reduziu os níveis séricos de CT e TG (32 e 61%), enquanto a Lovastatina diminuiu em 35 e 49%, respectivamente. Em relação ao ganho de peso, a THA causou uma redução semelhante ao Orlistate (40 e 38%, respectivamente) mostrando também uma contínua atividade inibitória das lipases gastrointestinais associada a uma redução significativa dos níveis séricos de triglicérides. A atividade antioxidante da THA foi avaliada in vitro em comparação com Silimarina (SIL), um conhecido agente hepatoprotetor. Os resultados obtidos mostraram que a THA e a SIL foram capazes de estabilizar o radical DPPH e de capturar os radicais ânion superóxido (O2"-) e hidroxil ("OH). Os ensaios in vivo mostraram que o pré-tratamento com a THA ou SIL preveniram significativamente (p<0,01) a elevação da atividade das enzimas AST, ALT e LDH. Prevenindo também o aumento dos níveis de lipoperoxidação da membrana plasmática induzida pela administração do CCl4, restabelecendo o funcionamento mitocondrial e sua permeabilidade em 49,5 e 47,7%, respectivamente. Também é importante notar que o conteúdo de proteína carbonilada e o dano oxidativo ao DNA foram significativamente diminuídos nos camundongos pré-tratados com a THA ou SIL, demonstrando também uma eficácia em prevenir a depleção de GSH, bem como na normalização das atividades enzimáticas antioxidantes (SOD, CAT e GPx). Em conclusão, a THA apresentou uma atividade antiobesidade e um efeito hipolipemiante misto, devido à sua capacidade de impedir a elevação do peso corporal dos animais submetidos a uma dieta rica em gordura e também pela redução dos níveis de colesterol e triglicerídeos, possivelmente pelo bloqueio da absorção de triglicerídeos, devido ao seu efeito inibidor sobre a atividade das lipases gastrointestinais. Exibindo também um efeito hepatoprotetor in vivo, protegendo os danos causados pelo CCl4, provavelmente resultante do seu potencial antioxidante. |
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