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O curso de licenciatura em Letras-Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) surge em 2006, como alternativa de inclusão social de surdos, por meio da oferta de uma formação acadêmica na área de ensino de línguas e como resposta prática à visibilidade que a Libras vem conquistando no espaço educacional brasileiro de nível superior. Nesta pesquisa, descreve-se como acontece a atividade tradutória de um texto escrito em português, na modalidade gráfico-visual, para um texto oral em Libras, na modalidade espaço-visual, mediante a identificação e análise de performances desenvolvidas por uma surda tradutora-atriz integrante da equipe de tradução do curso de Letras-Libras. Realizamos reflexões sobre conceitos adotados de tradução e de interpretação e esboçamos um mapeamento da presença da língua de sinais nos Estudos da Tradução para estabelecer a localização teórica. Assim, neste estudo de caso observacional, descritivo e exploratório com estrutura de análise interdisciplinar, o objeto de pesquisa fora delimitado ao conteúdo formado pelo hipertexto em português e pelas re-textualizações em Libras da seção de apresentação da unidade 02 da disciplina de Aquisição da Linguagem, do ambiente virtual de ensino e aprendizagem (AVEA) do Letras-Libras. Para fundamentação teórica, há conteúdos da Linguística Textual, dos Estudos da Tradução e dos Estudos da Tradução e Interpretação de Línguas de Sinais. Com dados obtidos a partir da observação direta do conteúdo resultante do objeto delimitado, em termos de resultados, temos: a descrição das performances observadas segundo o trabalho da surda tradutora-atriz, as quais, foram divididas em performance pré-tradutória e performance identificada durante o procedimento de tradução. A primeira, pelas iniciativas conduzidas depois do estudo dos textos-base, entre outros conteúdos-fonte, é descrita como o uso de glosas, sendo que, essas últimas, consistem em uma interlíngua escrita em português do texto em Libras que confere suporte ao procedimento de tradução. A segunda, pela frequência durante os procedimentos de re-textualização no hipervídeo observado, é descrita como transliteração e consiste na transposição de uma palavra, letra a letra, de uma língua oral para uma língua de sinais. Logo, ao se observar tais performances e, com base no modelo do texto alvo, percebem-se aplicações e adaptações desse último nos procedimentos tradutórios, de forma que, por um lado, a informação primária evidenciada na mensagem (M) fora preservada, e, por outro, a informação secundária evidenciada na informação contextualizadora (FI), na informação induzida ou motivada por questões linguísticas (LII) e na informação pessoal (PI), apresentou alterações, entre outros fatores, por conta de efeitos de modalidade das línguas em contato nas traduções. Portanto, mesmo com as limitações de um estudo de caso observacional, descritivo e exploratório da tradução de uma única tradutora, conclui-se que é possível traduzir um texto escrito em uma língua oral para um texto oral em uma língua de sinais, ainda que haja perdas linguísticas devido às diferenças de modalidade entre as línguas envolvidas. |
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