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Este trabalho tem como objetivo entender como as crianças se relacionam com as representações identitárias produzidas pelas mídias, e como tais representações são eventualmente efetivadas nas práticas culturais cotidianas das crianças. O foco é verificar o que as crianças dizem sobre estas diferentes identidades em que o sistema das mídias parece desejar enquadrá-las e como se sentem em relação a elas. Levamos em consideração que a cultura da mídia colabora muito, e de forma complexa, com a constituição de modos de pensar e agir, tanto no sentido da massificação e padronização do cotidiano, como eventualmente abrindo espaços para processos alternativos de formação de identidade. Este trabalho fundamenta-se principalmente nos Estudos Culturais, buscando inspirações e respostas em situações de recepção envolvendo crianças de 9 a 12 anos, meninos e meninas. Em síntese, foi mostrado às crianças um episódio do seriado Hannah Montana, do Disney Channel, e o desenho animado Zica e os Camaleões, ganhador do prêmio de melhor animação na 9ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, em 2010 - produzido em São Paulo, entendidos como textos geradores de análise e discussões em grupos focais e entrevistas semiestruturadas. A pesquisa evidenciou que apesar da qualidade e da quantidade de equipamentos de mídias serem diferentes, as crianças possuem acesso semelhante a eles, com exceção da TV por assinatura. As categorias estereotipadas apresentadas nas produções midiáticas - como, por exemplo, "populares", "perdedores", "fracassados", "nerds", "normais", entre outras -, também se mostraram presentes no cotidiano escolar das crianças participantes. Apesar de as crianças naturalmente se dividirem em grupos, com ou sem a televisão, pois isso é próprio da vida social, foi possível perceber como isso acontece hoje a partir da televisão. Mesmo que o bullying não tenha sido o tema inicial desta pesquisa, ele surgiu nas falas das crianças participantes, que relataram que a violência está diretamente ligada à classificação dos grupos no espaço escolar. Ficou evidente que a causa desta divisão entre as crianças está muito mais ligada à intolerância e a desigualdade social, do que unicamente no que as mídias podem sugerir. Esta pesquisa tem como base teórica, entre outros: Ana Carolina Escosteguy, David Buckingham, Douglas Kellner, Edgar Morin, Edmir Perrotti, Gilka Girardello, Jesús Martín-Barbero, Joseph Tobin, Rosa M. B. Fischer e Stuart Hall. |
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