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A distribuição de espécies nas comunidades é mais influenciada por filtros locais derivados de interações de espécies ou fatores históricos e processos biogeográficos em escala regional? Que contribuição da riqueza regional seria esperada na compactação de espécies por unidade de área? Essas relações permanecem constantes em escalas espaciais hierárquicas de transectos a regiões? Num gradiente crescente de riqueza regional, a importância de fatores determinísticos vs. estocásticos nas regras de montagem (assembly rules) das comunidades locais se alterna? Categorizar espécies num conjunto reduzido de grupos funcionais muda os padrões supracitados? Por quê? Quão ampla deve ser a aplicabilidade de todos esses padrões entre diferentes grupos de organismos? Nesta dissertação, direciono respostas e discussões a esses desafios utilizando, provavelmente, o banco de dados quantitativo mais extenso geograficamente já compilado para peixes recifais - o grupo de vertebrados mais rico do planeta. Independentemente, eu e os colaboradores desse trabalho realizamos transectos padronizados em 20x2m=40m2 paralelos ao recife até 30m de profundidade - um esforço total de 5.916 transectos. O escopo geográfico abrange 103 sítios distribuídos em 17 localidades englobadas em seis grandes regiões biogeográficas marinhas tropicais: 1) Caribe (Belize, Cuba e Bahamas); 2) Atlântico Sul Ocidental (sul, sudeste e nordeste do Brasil); 3) ilhas oceânicas do Atlântico Sul Ocidental (Arquipélagos de São Pedro e São Paulo, Fernando de Noronha e Trindade e Martim Vaz); 4) Atlântico Oriental (São Tomé e Cabo Verde); 5) Pacífico Oriental (México e ilha de Malpelo); 6) Pacífico Sul (Nova Caledônia, Tonga, Fiji e Polinésia Francesa). 989 espécies pertencentes a 301 gêneros e 83 famílias foram registradas. Através de regressões entre riqueza local e regional em três escalas espaciais hierárquicas observei que a riqueza local aumenta linearmente com o aumento da riqueza regional tanto em termos taxonômicos (riqueza de espécies) como funcionais (riqueza de grupos funcionais). Isso indica que processos atuando na escala regional (e.g., especiação, extinção, dispersão) devem ser mais influentes do que processos locais (e.g., competição, predação) na composição local de comunidades. O aumento da riqueza regional de peixes em função do aumento da riqueza regional de corais pode ser um indicativo de que diversidade gera diversidade em termos de riqueza de nicho. Nas 17 localidades, a dissimilaridade média entre amostras, medida através da distância de Jaccard, não diferiu do esperado ao acaso, i.e., gerado por um modelo nulo que simulou colonizações no espaço. Esse padrão, observado em termos taxonômicos e funcionais, sugere que as espécies e grupos funcionais se distribuem de maneira estocástica na escala local da comunidade, entretanto outras abordagens nulas devem ser adotadas para confirmação do padrão encontrado. Meus resultados estão de acordo com a recente mudança de paradigma na Ecologia de Comunidades na qual as atenções voltaram-se para padrões regionais e macroecológicos ao invés de processos locais no entendimento da composição local da biodiversidade, ainda que tais regras sejam contingentes ao grupo de organismos analisado. Acredito que os resultados aqui apresentados possam refletir um padrão geral para metacomunidades ricas e relativamente abertas, nas quais comunidades locais são altamente influenciadas por processos regionais e talvez montadas ao acaso. |
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