Abstract:
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Os cardenolídeos pertencem a um grupo de compostos naturais, que inibem a bomba de Na+/K+ (NKATPase). Tradicionalmente, eles têm sido utilizados para o tratamento da insuficiência cardíaca congestiva e de arritmias atriais, tais como a digoxina, a digitoxina e a ouabaína. Trabalhos recentes descreveram a potencial atividade anti-herpética de alguns cardenolídeos. Os Herpes Simplex Virus tipos 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) são responsáveis por infecções nas regiões oral, ocular e genital e, além disso, estes vírus podem estabelecer infecções persistentes (latência) no sistema nervoso. O tratamento é realizado com análogos de nucleosídeos, como o aciclovir, efetivo na maioria dos casos; entretanto, a resistência a esses fármacos tem aumentado devido ao seu uso prolongado, principalmente em pacientes imunocomprometidos. Inicialmente, a citotoxicidade (CC50) e a atividade anti-HSV foram avaliadas através do ensaio colorimétrico do MTT e do ensaio de inibição da formação das placas de lise (CI50), respectivamente. De acordo com os resultados obtidos através da triagem anti-HSV de 65 cardenolídeos e derivados, dois compostos (4 e 12) foram selecionados devido aos seus promissores índices de seletividade (IS=CC50/CI50) de 2.107 e 645 (HSV-1 cepa KOS); 4.566 e 792 (HSV-1 cepa 29-R) e 6.250 e 1.238 (HSV-2 cepa 333). O mecanismo de ação foi avaliado através de uma sequência de ensaios, que visaram avaliar a possível interferência destes compostos nas diversas etapas do ciclo de replicação viral. Na avaliação do efeito do tempo de adição e remoção, estes compostos inibiram significativamente a replicação viral, quando adicionados até 12 h pós-infecção, ou removidos após este período de tempo. Esses compostos não apresentaram atividade virucida, nem inibiram a entrada viral dos vírus nas células (adsorção e penetração). Entretanto, eles mantiveram sua atividade anti-HSV, mesmo no maior MOI testado (0,4), que foi 1000X maior que o MOI (0,0004) utilizado para a triagem antiviral. As amostras também inibiram a dispersão viral intercelular e interferiram na liberação viral, apresentando perfis concentração-dependentes. Os níveis de RNAm dos genes herpéticos não foram alterados pelo tratamento com os cardenolídeos nas condições experimentais testadas. Entretanto, a análise da expressão proteica viral mostrou que os compostos inibiram a expressão das proteínas ? (ICP27), ? (UL42) e ? (gB and gD), em diferentes intensidades. A avaliação da atividade anti-ATPásica demonstrou que esses cardenolídeos reduziram esta atividade enzimática, sugerindo que uma alteração do gradiente eletroquímico celular pode estar envolvida no mecanismo de inibição da replicação viral. |