Abstract:
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A absorção oral de um fármaco é controlada fundamentalmente por dois fatores: a solubilidade aquosa/dissolução e a permeabilidade intestinal. Portanto, a determinação dessas características ainda nas fases de descoberta e desenvolvimento de fármacos pode prover moléculas com ótimo perfil biofarmacêutico. Nesse sentido, esta tese teve dois objetivos: implementar e validar o modelo de avaliação da permeabilidade in vitro com células Caco-2 no Laboratório de Virologia Aplicada da UFSC, e aplicar esse modelo na determinação da permeabilidade de fármacos e compostos em estudo. Na implementação do modelo Caco-2 foi demonstrada a adequação morfológica das células, através do monitoramento da resistência elétrica transepitelial e da permeabilidade do Lucifer yellow. Através da avaliação da permeabilidade de fármacos marcadores (aciclovir, carbamazepina, hidroclorotiazida, propranolol, vimblastina e verapamil) em experimentos de transporte bi-direcional foi demonstrado que o modelo foi devidamente validado, já que foi estabelecida correlação entre a permeabilidade in vitro e a absorção em humanos. Adicionalmente, uma metodologia por CLAE-UV foi desenvolvida e validada para a determinação concomitante de todos esses fármacos marcadores. Na segunda etapa, avaliou-se o complexo talidomida:hidroxipropil-?-ciclodextrina, desenvolvido e caracterizado no estado sólido por diferentes técnicas, que comprovaram a complexação do fármaco e a redução da sua cristalinidade. Essas alterações culminaram em um leve aumento da solubilidade aparente do fármaco, bem como propiciaram um perfil de dissolução superior, quando comparado ao da talidomida isolada. No entanto, nenhuma alteração na permeabilidade foi detectada. Esses resultados sugerem que esta complexação poderia aumentar a biodisponibilidade oral da talidomida, através do aumento da sua solubilidade nos fluídos gastrointestinais, bem como facilitando a sua dissolução a partir de uma forma farmacêutica sólida. Também foi avaliado o composto anti-herpético galato de pentila, e foi demonstrado que ele apresenta perfis de permeabilidade intestinal e cutânea favoráveis para sua absorção oral e permeação tópica, respectivamente. Assim, após administração oral, sua biodisponibilidade não seria limitada pela permeabilidade intestinal, e no que se refere à administração tópica, ele ficaria restrito às camadas da pele no local de aplicação. Esses dados fornecem informações valiosas para o desenvolvimento de formas farmacêuticas e para a avaliação da atividade antiviral in vivo. Em suma, o modelo com células Caco-2 foi implementado, validado e aplicado satisfatoriamente, o que permitirá a execução de estudos colaborativos, sobretudo com o enfoque do Sistema de Classificação Biofarmacêutica. |