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A chuva de sementes compreende uma das principais fontes de regeneração das florestas tropicais, sendo muito influenciada pelas espécies locais e suas síndromes de dispersão. Em florestas tropicais muitas espécies de plantas são dispersas por animais, com destaque para espécies de aves. Árvores isoladas remanescentes e/ou pioneiras funcionam como poleiros naturais para aves que, por defecação ou regurgitação, depositam sementes sob suas copas. Sob estas árvores alguns indivíduos se estabelecem e contribuem na regeneração natural. Myrsine coriacea é uma espécie dióica e pioneira, que pode ocorrer em formações secundárias e que produz frutos carnosos consumidos por aves. Esta espécie pode atuar como poleiro natural para dispersores de sementes e foco de deposição de sementes nas áreas onde ela ocorre. O objetivo deste estudo foi avaliar a chuva de sementes e o recrutamento de plântulas sob plantas femininas e masculinas de Myrsine coriacea e em áreas sem plantas próximas, e identificar quais são as espécies de aves que interagem com M. coriacea. O estudo foi realizado em uma área de vegetação secundária inicial na Floresta Ombrófila Densa, que faz limite com o setor norte do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Santo Amaro da Imperatriz, Santa Catarina, Brasil. A chuva de sementes foi avaliada através de 60 coletores (0,5 m2), sendo 20 sob a copa de plantas femininas, 20 sob a copa de masculinas e 20 em pontos sem influencia da copa de qualquer planta. O recrutamento de plântulas foi avaliado com 60 parcelas de mesmo tamanho, com procedimento similar. As aves foram registradas por observações diretas e diurnas de junho de 2009 a novembro de 2010, totalizando 125 horas. As famílias Asteraceae (12 espécies) e Melastomataceae (13) apresentaram o maior número de espécies no total de diásporos coletados. O gênero Tibouchina (composto por três espécies) apresentou a maior importância relativa (VI= 0,43) e a espécie Clethra scabra o segundo maior VI (VI= 0,16). A dispersão zoocórica apresentou o maior número de espécies (53,9% do total), seguida pelas síndromes anemocórica e autocórica em conjunto (32,2%) de um total de 365.071 diásporos pertencentes a 115 espécies amostradas. Diásporos de plantas que podem ocorrer no interior de mata primária (37 espécies) e plantas classificadas como árvores medianas (34 espéces) foram registrados em maior número. Diásporos pequenos foram mais abundantes (70,4% das espécies com diásporos de até 5 mm). Plantas femininas, masculinas e áreas sem plantas se diferenciaram quanto à composição de espécies da chuva de sementes. Quantificaram-se 53% dos diásporos sob plantas femininas, 29% sob masculinas e 18% nas áreas sem plantas. Registraram-se 97 espécies sob plantas femininas, 92 sob masculinas e 57 nas áreas sem plantas. Quantificaram-se 936 plântulas, 60% sob plantas femininas, 27% sob masculinas e 13% nas áreas sem plantas. Registraram-se 84 morfoespécies de plântulas, sendo 55 sob as plantas femininas, 47 sob masculinas e 29 nas áreas sem plantas. Observaram-se 33 espécies de aves pertencentes a 16 famílias, em 338 eventos de interação. Destas aves, 28 foram consideradas possíveis dispersoras de sementes, pois foram observadas engolindo frutos de M. coriacea. As famílias com maior número de espécies foram Thraupidae e Tyrannidae, e as espécies que mais visitaram as plantas foram Tangara cyanocephala e Dacnis cayana. O hábito alimentar mais frequente foi o frugívoro (15 espécies), seguido pelo insetívoro (9). As plantas femininas e masculinas de M. coriacea foram consideradas focos de deposição de diásporos e de recrutamento de plântulas na área em sucessão secundária avaliada. Esta espécie apresentou diferentes interações com as aves onde, além dos frutos, outros itens, como insetos, foram utilizados na alimentação. |
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