Title: | Economia política em Aristóteles e a perspectiva de Marx |
Author: | Lima, Alexandre |
Abstract: |
Considerando as peculiaridades da formação sócio-econômica antiga, verifica-se uma germinal e coerente economia política em Aristóteles que, devido o esforço analítico e a coerência contextual, tornou-se importante marco teórico para as escolas econômicas modernas, especialmente para Marx o qual, sem pretender reviver Aristóteles para adotá-lo sob condições modernas, apreende os preceitos aristotélicos assumindo-os como ponto de partida fundamental de sua teoria econômico-filosófica. Apesar de na Grécia antiga a economia não estar separada da política, Aristóteles trata-a de modo objetivo e coerente, conforme a importância e os limites epistêmicos da economia naquele contexto. Na Ética a Nicômacos a análise econômica encontra-se associada ao tema da justiça devido a necessária distribuição equitativa dos bens, e para que coisas diferentes sejam trocadas é preciso algo que possa igualá-las a fim de se manter a comunidade. Aristóteles contempla como possibilidades o trabalho, o dinheiro e a necessidade para ser o padrão de comensurabilidade, não obstante, aceita a necessidade mas apenas de um modo "suficientemente admissível", resposta ambígua que desperta polêmica quanto às possíveis implicações metafísicas. Na Política, preocupado com a influência sobre a ética e política, Aristóteles busca delimitar o escopo da economia apresentando suas diferenças com a crematística natural (voltada à aquisição) e a crematística não-natural (voltada ao ganho), de acordo com suas diferentes finalidades. Apóia-se também na distinção entre uso próprio (valor de uso) e uso não-próprio (valor de troca) de cada coisa, e entre práxis (ação) e poiésis (produção) - baseada na noção de limite e imanência do fim na ação - para estabelecer os limites entre política, economia e crematística. O desenvolvimento da troca comercial, com a prática do monopólio e da usura, promove alterações no comportamento dos indivíduos, mas a causa principal da confusão quanto à finalidade da economia é moral: a ganância. Depois de considerar os fatores econômicos Aristóteles elabora uma constituição com leis e educação fundamentadas na virtude e, ao mesmo tempo, capaz de conceder, com restrições, cidadania àqueles envolvidos diretamente no comércio. As aproximações entre Marx e Aristóteles são verificadas em diferentes âmbitos e muitos filósofos encontram semelhanças entre os dois filósofos a partir da ética, antropologia e política, destacando inclusive a apropriação marxiana dos conceitos aristotélicos de ato e potência. Realmente Marx apresenta o trabalho sob duas perspectivas que juntam o que em Aristóteles estavam separados: o trabalho como atividade que dá conta das necessidades básicas do homem, semelhante à poiésis; e o trabalho que realiza as potencialidades para a emancipação da classe produtora assalariada, característica da práxis, considerando sempre que o trabalho é categoria central na economia política de Marx. Independentemente das semelhanças ou diferenças éticas, antropológicas e políticas, defendemos que Aristóteles é a pedra fundamental na filosofia da economia de Marx, é o elemento teórico que ressalta aquelas diferenças nos modos de produção que confirmariam a dialética marxiana. Antes de se apropriar de alguns princípios filosófico-econômicos de Aristóteles, Marx por meio de avaliação histórica, ressalta as singularidades econômicas da sociedade antiga. Depois Marx analisa os êxitos e hesitações de Aristóteles na busca do padrão de comensurabilidade, na distinção entre valor de uso e valor de troca, na delimitação da economia e em todos os outros conceitos que servem para Marx fundamentar sua crítica da economia política. Considering the peculiarities of the old social-economical formation, it is verified a germinal and coherent politics economy in Aristotle which, due to the analytical strength and the contextual coherence, it became an important theoretical march for the modern economical schools, specially for Marx who, having no intentions to bring Aristotle alive in order to adopt him under modern conditions, apprehend the Aristotle's rules assuming them as a fundamental starting point of his philosophical-economical theory. Although, the economy is not apart from the politics in Greece, Aristotle treats it as an objective and coherent way, in relation to the importance and the epistemic limits of the economy in such context. In the Nicomachean Ethics, the economical analysis is related to the topic of justice due to the need of equitable distribution of goods, and in order to change different things, it is necessary something that can equalize them with the aim to maintain the community. Aristotle contemplates as possibilities: work, money, and the need to be the ideal of commensurability, nevertheless, he accepts the necessity, but only as a "sufficiently acceptable" manner, ambiguous answer that provokes polemic regarding the possible metaphysical implications. In Politics, worried with the influence on ethics and politics, Aristotle searches to delimit the purpose of economy presenting its differences with the natural chrematistics (in relation to the acquisition) and the non-natural chrematistics (in relation to the gains), regarding to their different finalities. Aristotle also supports himself in the distinction between the self use (value of use) and the non-self use (value of exchange) of each object, and between praxis (action) and poiesis (production) - based on the notion of limit and immanency of the end in the action - to establish the limits between politics, economy, and chrematistics. The commercial exchange development, with the practice of monopoly and usury, promotes alterations in the behavior of the individuals; however, the main cause of the confusion regarding the end of the economy is moral, and it is the rapacity. After considering the economical factors Aristotle elaborates a constitution with law and education which are based in the virtue and, at the same time, they are capable of conceding, with restrictions, citizenship for those who are directly involved with commerce. The approximation between Marx and Aristotle are verified in different ambits and several philosophers find similarities between both philosophers from the ethics, anthropology, and politics, inclusively detaching the Marxism appropriation of Aristotle#s concepts of act and potency. It is truth that Marx presents the work under two perspectives which join together what in Aristotle were separated: the work as an activity that handles the men basic needs well, similar to poiesis; and the work that does the potentialities for the emancipation of the employed producer class, a praxis characteristic, always considering that work is a central category in Marx political economy. Regardless the ethical, anthropological, and political similarities or differences, we argue that Aristotle is the fundamental stone in the philosophy of Marx economy, it is the theoretical element that detaches those differences in forms of production which would confirm the Marxism dialectics. Before appropriating of some economical-philosophical principals of Aristotle, Marx stands out - through descriptive historical observation in both To the Critic of Political Economy, and in Grundrisse and The Capital - the economical singularities of the ancient society. Just after this, Marx analyses Aristotle#s exits and hesitations in the search of the commensurability ideal, in the distinction between the value of use and the value of exchange, in the economical delimitation and in all the other concepts which work for Marx to base his critic of the political economy. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia |
URI: | http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/96073 |
Date: | 2012-10-26 |
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299507.pdf | 1.214Mb |