Trabalho, família e amizade entre maricultores/as de uma associação do sul da ilha de Florianópolis: a AMPROSUL

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Trabalho, família e amizade entre maricultores/as de uma associação do sul da ilha de Florianópolis: a AMPROSUL

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Title: Trabalho, família e amizade entre maricultores/as de uma associação do sul da ilha de Florianópolis: a AMPROSUL
Author: Britto, Renata Apgaua
Abstract: Construída a partir de uma pesquisa de campo realizada na Associação de Maricultores e Pescadores Profissionais do Sul da Ilha (AMPROSUL), formada por pequenos/as produtores/as de ostras e/ou mariscos, esta tese debruça-se sobre o espaço de interlocução entre os discursos técnico-científicos (governo, pesquisadores, etc.), de um lado, e os dos/as maricultores/as, de outro. Para as instituições governamentais e parceiras vinculadas à maricultura, diante do objetivo de conciliar desenvolvimento econômico e inclusão social e econômica dos/as produtores/as, a alternativa é transformar o caráter familiar e artesanal das produções: organizá-los/as em associações/cooperativas, profissionalizá-los/as e padronizar suas produções, de modo que possam participar do arranjo produtivo local. Neste sentido, as políticas públicas dirigidas à maricultura estão voltadas para a organização dos/as produtores/as por meio de associações/cooperativas e a estruturação da cadeia produtiva, do arranjo produtivo local (APL). Para os/as maricultores/as, os tempos já foram melhores. Desejam ser incluídos/as no mercado, no arranjo, e reclamam do que consideram exigências e normas excessivas, mau uso dos recursos destinados à maricultura e privilégios em relação aos/às "grandes" produtores/as. Entendem que precisam se organizar para que suas demandas sejam atendidas. Acionam familiares e amigos/as para contornarem problemas relativos ao trabalho e ao exercício da atividade, como a falta de mão de obra. As falas dos/as maricultores/as indicam a existência de conflitos e de tensões neste processo de transformação do setor. Ao mesmo tempo, discursos técnico-científicos procuram explicar o porquê das dificuldades de estes/as produtores/as atenderem às novas exigências que se impõem em relação à organização em torno de associações/cooperativas e do arranjo. Diagnósticos "negativos" sugerem que essas dificuldades estão associadas, por exemplo, ao fato de não possuírem organização, cooperação/solidariedade, etc. O parâmetro de comparação, no caso, é a construção de vínculos de cooperação como estratégia competitiva. Seguindo as falas dos/as mariculores/as e a pista de que está em curso um processo crescente de "mercantilização" da maricultura, apoiado no modelo de desenvolvimento adotado pelo governo, esta tese propõe ao menos duas voltas no parafuso: 1ª) Problematizar os discursos técnico-científicos por seu viés economicista. Tal atitude apóia-se em discussões críticas que se desenrolam nas ciências humanas sobre as implicações da lógica utilitária, sustentadas por determinadas teorias, e abre espaço para tratar os problemas em termos de exclusão social, econômica e simbólica dos/as pequenos/as produtores/as e refletir sobre a existência de relações de poder assimétricas; e 2ª) Criar outra narrativa sobre os/as produtores/as sem a ênfase na "falta", marcando a importância dos vínculos de amizade e parentesco para eles/as no exercício da atividade. Neste contexto, misturam-se trabalho, família e amizade, o que permite que essas pessoas enfrentem as dificuldades que se lhes apresentam. Essa atitude apoia-se nas mesmas discussões críticas que problematizam a lógica utilitária e exploram a existência de outra modalidade de ação marcada por uma lógica não utilitária.Based on a field study of the Association of Mariculturists and Professional Fishermen from the South of the Island (AMPROSUL), composed of small-scaleoyster and mussel producers, this thesis analyzes the space of interlocution between technical-scientific discourses (government, researchers, etc.) and mariculturists. Government institutions and their partners linked to mariculture, whose stated objective is to reconcile economic development and the social and economic inclusion of the producers, affirms their aim is to transform the family and cottage nature of the process and organize the producers into associations and cooperatives, professionalizing them and standardizing production so that they can participate in the local production arrangement. Public policies aimed at mariculture focus on the organization of the producers in associations and cooperatives and the structuring of the production chain and the local production arrangement. The mariculturists have seen better days. They want to be included in the marketand production arrangement, and complain about what they consider demanding and excessive norms, poor use of resources allocated to mariculture and privileges for the "large" producers. They understand that they need to organize to have their demands met. They commonly turn to families and friends to resolve work related problems such as the lack of labor. The statements of the mariculturists indicate the existence of conflicts and tensions in this process of transformation in the sector. At the same time, technicalscientific discourses seek to explain the difficulties of these producers and meet their demands in relation to organization around the associations and cooperatives. "Negative" diagnoses suggest that these difficulties are associated to the fact that they lack organization, cooperation and solidarity. The parameter for comparison, in this case, is the construction of ties of cooperation as a competitive strategy. According to the statements of the mariculturists, there is a growing process of "mercantilization" of mariculture, supported by the development model adopted by the government. This thesis proposes two approaches. 1) The first is to analyze the technical-scientific discourses and their economist bias, supported by critical discussions in the human sciences about the implications of a utilitarian logic sustained by certain theories and to open space to treating problems related to the social, economic and symbolic exclusion of small producers and reflect on the existence of asymmetric power relations. 2) The second is to create a different narrative about the producers that does not emphasize what is "lacking," marking the importance of their ties of friendship and kinship in the exercise of their activity. In this context, work, family and friendship combine, allowing these people to confront the difficulties that they face. This attitude is supported by critical discussions that analyze the utilitarian logic and explore the existence of another modality of action marked by a non-utilitarian logic.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social
URI: http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/96317
Date: 2012


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