Abstract:
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O estudo da gestão universitária tem suscitado nos meios acadêmicos uma grande controvérsia. Muitos gestores tentam implementar estruturas, sistemas e métodos utilizados na gestão empresarial. Os defensores dessa orientação entendem a universidade como uma organização burocrática, de forma semelhante a empresas e órgãos públicos. Este artigo pretende questionar essa concepção e propor uma alternativa para se conceber a universidade que demanda estruturas, sistemas de gestão e métodos organizacionais e de trabalho diferenciados dos dominantes nas burocracias, tanto públicas como privadas e tanto tradicionais como modernas. A universidade, ainda que pese seu caráter de aparelho ideológico do Estado e, particularmente no Brasil, a influência de uma cultura marcada pela submissão e dependência, é a instituição que melhor pode, democraticamente, promover a produção e disseminação do conhecimento e assumir, no mais alto nível, um papel crítico na sociedade. Estas unidades sociais com finalidades científicas e educacionais assumem o caráter de uma organização burocrática. A universidade é vista como um tipo singular de organização que exige uma concepção própria, diferenciada da maioria das organizações que são empresariais. A universidade exige uma concepção organizacional específica diferenciada das demais organizações empresariais ou burocracias públicas, bem como, que existe um corpo de fundamentos conceituais que permitem o delineamento de uma estrutura organizacional diferenciada. As universidades são organizações que possuem estruturas complexas, nas quais as pressões exercidas para a tomada de decisão estão diluídas em todos os níveis da organização, através de vários conselhos e colegiados. O caráter pedagógico do processo de produção e disseminação do conhecimento acarreta em termos organizacionais para a universidade a valorização do corpo operacional. A especificidade da universidade faz com que a mesma assemelhe-se muito mais a um sistema político do que com uma organização burocrática. Conclui-se, portanto que as universidades demandam estruturas, sistemas e métodos diferenciados daqueles desenvolvidos nas burocracias tradicionais. Seus dirigentes, além das competências para gestão, comuns às demais organizações necessitam de conhecimentos, habilidades e atitudes inerentes a sistemas políticos, porque a universidade, como aqui procurou-se demonstrar, é muito mais um sistema político do que uma organização burocrática. |